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FICÇÃO (ROMANCE E CONTO)
Em geral o gênero ficcional (romance e conto) apenas surgiu e foi cultivado após a eclosão da poesia,
música e teatro. Assim, em Uberaba.
O primeiro romance de que se tem notícia na cidade foi O Inconfidente, do médico, escritor e político
francês nela residente desde 1853, Henriques Raimundo des Genettes.
O conto, pelo que se sabe, foi primeiramente praticado pelo engenheiro e escritor Crispiniano Tavares,
chegado a Uberaba em 1889 à frente da construção da estrada Companhia Mojiana de Estrada de Ferro, com
o livro Contos Inéditos.
Por volta dos fins do século XIX e inícios do século XX, Aurélio de Araújo Vaz de Melo, poeta, teria tam-
bém escrito romance (ou romances), segundo Hildebrando Pontes.
No início dos anos 30, residindo no Rio de Janeiro, o compositor uberabense Joubert de Carvalho pu-
blicou o romance Espírito e Sexo, sem indicação do ano da edição.
Soares de Faria publicou por editoras de Belo Horizonte os romances Dilema (1934), Viagem Interplane-
tária (1956), Salvador Que Não Salva (s/d) e os livros de contos Miragem e Chapadões e Veredas.
Na década de 1950 eclodiram os sucessos de Vila dos Confins (1956), de Mário Palmério, e A Lua Vem
da Ásia, de Válter Campos de Carvalho, este, à época, não mais residente na cidade.
Ambos ainda publicaram no gênero: Chapadão do Bugre (1965), de Mário Palmério; Vaca de Nariz Sutil
(1961); A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro Búlgaro (1964), de Válter Campos de Carvalho.
Nos anos 60 foi editado o romance Furna da Onça (1969), de Severino Muniz, quando ainda residente
em Uberaba. Contudo, nessa e nas décadas seguintes avultaram os livros de contos: Contos Miúdos (1964)
e Estórias da Gente Mineira (1972), ambos de Edson Prata; Trilhas Assombradas (1968), de Severino Muniz;
Contos Antigos (1965), A Hora de Deus (1967) e Folhas Secas (1974), todos de frei Francisco Maria de Uberaba;
Gabrielão Solé (1975), de Joaquim Borges.
Nesse período, mesmo não lançando livro, produziram contos intensamente os escritores Lincoln Bor-
ges de Carvalho e Mário Edson Ferreira de Andrade, além de Paulo Vicente de Sousa Lima e Jorge Alberto
Nabut, publicando-os no Suplemento Cultural do Correio Católico (1968/1972) e, eventualmente, nos primei-
ros números da revista Convergência (1972/1976).
Na década de 1980, Aluísio Inácio de Oliveira lançou Um Cabra de Lampião (1982), Joaquim Borges A
Legião (1987) e, na década seguinte, A Batalha do Andarilho Contra o Dragão (1996).
De 1990 em diante o romance foi cultivado intensamente por José Humberto Silva Henriques com, en-
tre tantos outros, Urucuia (1997), Xacriabá (2000), Cangalha (2001), Pernaiada (2012) e A Travessia das Araras
Azuis (2012), atingindo, até fins de 2018, mais de 320 (trezentas e vinte) obras, entre livros de contos, visuais,
ensaios e teatro, além dos romances.
Diversos outros romancistas lançaram livros no período, a exemplo de Joaquim Borges (Ana e Outros
Amores de Tiradentes, 1995), João Gilberto Rodrigues da Cunha (Caçadas de Vida e de Morte, 2000), Paulo
Fernando Silveira (O Sétimo Jurado, 2002; O Sertão da Farinha Podre - Uberaba e a Guerra do Paraguai, 2004;
O Morro das Sete Voltas, 2008; Assassinato em Jaguara, 2009; Capão da Onça, 2011; O Espião Subversivo,
2016), Cássio Murilo Pimenta (Celestino e o Médium no Canal do Raio, 2004), Onofre Fidélis (Quando os
Gringos Voltarem, 2011) e Sílvio Fausto de Oliveira (Madame Satã de Barro Preto, 2016).
Já nos anos 2000, no conto, Lincoln Borges de Carvalho publicou Programa de Domingo (2005) e
Casos Urbanos (2010), Renato Muniz Barreto de Carvalho (Os Bichos São Gente Boa, 2010), o também ro-
mancista Tiago de Melo Andrade (Carne Quebrada e O Ovo do Elefante, ambos de 2010) e o autor desse
levantamento, Situações (2001) e Enigmas (2002).
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