Page 690 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Nos meados da década de 1950 iniciaram-se os estudos e debates cinematográficos na cidade, nucle-
            ados pelo frade dominicano Raimundo Cintra, do convento local.
                  Por volta de 1955, o então ator uberabense João Ribeiro Rosa (Sinhá Moça e outros), elaborou argu-
            mento sobre pioneiros uberabenses que foram à Índia buscar zebus, que foi apresentado ao cineasta Hum-
            berto Mauro, que só não o filmou por falta de recursos.

                  Em 1962 deu-se a fundação do Cine Clube de Uberaba, responsável por memoráveis sessões cinema-
            tográficas, estudos, debates, conferências e cursos em estabelecimentos de ensino, bolsa de cinema na im-
            prensa local, com avaliação crítico-artística dos lançamentos mensalmente promovidos pelos cinemas locais,
            e, ainda, Seleção Anual dos 10 (dez) Melhores Filmes exibidos na cidade, seleções estas que foram procedidas
            no decorrer de 20 (vinte) anos e encontram-se publicadas no livro Informação Sobre Uberaba.

                  As filmagens foram retomadas na década de 1970, tendo o poeta, jornalista e historiador Jorge Alberto
            Nabut realizado o primeiro filme de ficção local, Clarinda e Anastácio (1974), prosseguidas pelos documen-
            tários de Joaquim Borges (Peregrinação, 1977, de oito minutos) e de Gilberto de Andrade Resende (Tradição
            de Folias de Reis no Brasil Central, 1979, de dez minutos), e dos filmes de ficção de Tião Valadares a partir
            de 1980, alguns realizados em São Paulo e Cangaceiro do Vale da Morte (2008) em Uberaba, constituindo o
            primeiro longa-metragem da cidade.
                  Nabut ainda fez mais dois filmes: documentário sobre as estações da Mogiana (As Estações, 1976) e
            curta-metragem poética (Pastorália, 2011, mas iniciada muitos anos antes).

                  Nessa mesma época e nos anos seguintes foram efetuados inúmeros curtas e médias metragens de
            ficção e documentários por professores e alunos do Curso de Cinema do Centro de Cultura José Maria Barra,
            entre eles Entidades, Subemprego, Tarde de Autógrafos e Janela Mágica.

                  Em 1913 foi realizado, sob a direção de Luan Perez Andrade Cunha, o filme de ficção de longa-metra-
            gem Catalogárgula, selecionado para concorrer ao Festival de Gramado daquele ano.
                  Em 1916 foi lançado o longa uberabense Ninfabebê, dirigido por Aldo Pedrosa e produzido por Ari Mo-
            rais, já detentor de mais de 40 (quarenta) prêmios em festivais de cinema no Brasil e no exterior.
                  Por sua vez, em 1917, realizou-se o longa-metragem dirigido por Mário Assunção, A Cidade e as Flores,
            com personagens históricas do vizinho município de Água Comprida.


            O TEATRO EM UBERABA

                  Antes de completar vinte anos de sua fundação, em Uberaba surgiu o teatro com representações tea-
            trais iniciadas por volta de 1835, por iniciativa de grupo liderado pelo padre Zeferino, apresentando peças em
            palcos montados em praças, ruas e quintais.

                  Ainda antes de findar essa década, foi escrita na cidade a primeira peça teatral, O Colégio de Dona
            Abelha, de autoria de Antônio Cesário da Silva e Oliveira Sênior, pai do futuro major Cesário, representada em
            1863.

                  Em 1862 foi fundada a Companhia Dramática Uberabense, que em maio de 1864 inaugurou pequeno
            teatro na atual praça Rui Barbosa, onde, até 2008, funcionou o Cine Theatro São Luís, com a representação
            do drama Os Dois Renegados, de José da Silva Mendes Leal Júnior (considerado o primeiro drama do ro-
            mantismo português), e da comédia A Feira de Sorocaba, de Francisco Luís de Abreu Medeiros (1820-1890).

                  O teatro teve atividade atribulada, com períodos inativos e deterioração da frágil edificação, organizan-
            do-se em 1877 a Associação Dramática Uberabense, destinada a reconstruí-lo, objetivo que teve grande apoio
            do comerciante Luís Soares Pinheiro, em cuja homenagem batizou-se, então, o teatro de São Luís.

                  Em 1888, após período de abandono, o prédio novamente ameaçou ruir, sendo nova associação or-
            ganizada para reformá-lo nos anos seguintes, com as obras dirigidas pelo engenheiro e escritor Crispiniano
            Tavares, chegado à cidade no ano seguinte à frente da construção de linha férrea da Mojiana.


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