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UBERABA NA REVOLUÇÃO DE 1930 E NA

                           CONSTITUCIONALISTA DE 1932


                                                                                                     Paulo Fernando Silveira



                     Você sabia que, em 1930, a cidade de Uberaba quase se transformou na capital de Minas Gerais, sepa-
               rando-se do resto do Estado? Não? Acredite! É verdade! Pois é justamente esse episódio que, resumidamen-
               te, vou lhe contar. Mas, primeiro, para melhor compreensão do assunto, precisamos recapitular alguns fatos
               históricos.

                     Enquanto colônia de Portugal, toda a região que hoje constitui o Estado de Minas Gerais pertencia à
               Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. A região mineradora, com capital em Vila Rica (atual Ouro Preto) se
               separou da capitania paulista em 1720, após a rebelião liderada por Felipe dos Santos. Já a região do atual Tri-
               ângulo Mineiro continuou a pertencer a São Paulo até o ano de 1748, quando foi criada a Capitania de Goiás,
               à qual se incorporou. Somente em 1816, após o incidente do estupro da jovem Dona Beja, pelo ouvidor-mor
               do imperador, Joaquim Inácio Silveira da Mota, é que, a pedido do povo de Araxá, houve o desmembramento
               dos Julgados de Araxá e do Desemboque, que saíram da Capitania de Goiás e se incorporaram à de Minas
               Gerais.

                     Relativamente ao Brasil, o golpe militar de 15.11.1889, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca,
               instituiu a República e pôs fim à Monarquia, que vinha desde 1808, com a chegada de D. João VI, passando
               pelos imperadores D. Pedro I e Dom Pedro II.

                     Portanto, a conclusão irrefutável, que se extrai, é que, até então, por quase 400 anos, o povo – exceto
               as famílias que compunham a elite (latifundiários, banqueiros e grandes comerciantes) – não teve participa-
               ção alguma na elaboração de políticas públicas, ou sequer foi ouvido ou consultado. As leis vinham de cima
               para baixo, visando, sobretudo, preservar e ampliar os privilégios dessa minoria oligárquica.
                     Depois da Proclamação da República, nada mudou quanto ao modo de governança do País. A elite
               financeira e econômica continuou a deter o poder político, que sempre foi usado na maximização de seus
               interesses particulares. Durante as eleições que se seguiram, o povo apenas confirmava nas urnas os nomes
               previamente escolhidos pelos detentores do poder, notadamente para os governos estaduais e a Presidência
               da República.
                     Assim, depois dos presidentes militares, Deodoro da Fonseca (1889/1891) e Floriano Peixoto (1891/1894),
               os paulistas comandaram a nação, sucessivamente, por Prudente de Morais (1894/1898), Campos Sales
               (1898/1902) e Rodrigues Alves (1902/1906). A partir desse ano, os mineiros começaram a participar do gover-
               no, com a eleição de Afonso Pena (1906/1909), instituindo-se a política do ‘Café com Leite’ (alusão ao café de
               São Paulo e ao leite de Minas), pela qual a Presidência da República seria ocupada em rodízio, alternada e su-
               cessivamente, por um mineiro, seguido de um paulista, e assim indeterminadamente. O nome do escolhido
               dependia de apadrinhamentos e conchavos políticos e, sobretudo, precisava ser sancionado pelo presidente
               da República.

                     Esse sistema rotativo do exercício da presidência do País prevaleceu até 1929, quando houve o brusco
               rompimento dessa decantada política, convencionada em nível de cúpula.

               A REVOLUÇÃO DE 1930

                     No início do ano de 1929, o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva,
               começou suas articulações para ser indicado como o próximo presidente da República, tendo como vice



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