Page 61 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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HINOS QUE NÃO SE CANTAM MAIS

                     Há muito, que as noções de valores caíram no ostracismo. Nesses brasís, que no meu tempo de es-
               tudante possuíam as cores vivas do verde-amarelo “sereno e belo”, em que as canções motivadas por Villa
               Lobos ecoavam por rios, montes e vales, porque obrigatório o ensino do canto em coro nas escolas, desbo-
               taram-se tornando-se tão cinzentos e sem brilho.

                     Ainda assim, se os cantos em coro traziam mensagens cívicas, na formação de valores e de patriotismo
               despejando amor à Pátria, através de suas mensagens, hoje tentam bani-las dos currículos. Por que? Os valo-
               res são outros. Os hinos pátrios foram esquecidos, as mensagens deterioradas por insensíveis, tanto quanto
               a bandeira queimada e rasgada em praça pública por uma geração desordeira.

                     Pincei algumas frases de nossos hinos pátrios:
                     “Ou ficar a pátria livre, /Ou morrer pelo Brasil” (Hino da Independência).

                     “Seja um hino de glória, que fale/De esperanças de um novo porvir” (Hino da Proclamação da Repúbli-
               ca).

                     “Salve lindo pendão da esperança.../tua nobre presença, à lembrança da pátria nos traz” (Hino à Ban-
               deira).

                     “Brasil de amor eterno seja símbolo/O lábaro que ostentas estrelado...”(Hino Nacional).
                     São os autores, pela ordem: Pedro I e Evaristo da Veiga. Leopoldo Miguez e Medeiros de Albuquerque.
               Lembrete a esclarecer: nos albores da República, em concurso, fora este o escolhido como Hino Nacional.
               Mas o povo não o aceitou, ficando com a menção honrosa de Hino da República.
                     O nosso Hino Nacional com música já existente na monarquia acatado pelo povo e sempre executa-
               do nas comemorações, adaptando–se letras acordantes ao que se comemorava, em decisão do marechal
               Deodoro, abriu-se concurso para a escolha da letra que melhor se adaptasse à música de Francisco Manuel
               da Silva, saindo vitorioso Osório Duque Estrada. Nosso grande Carlos Gomes fora convidado a compor, mas
               em respeito a D. Pedro que o premiara com bolsa de estudos na Itália, não aceitou a honraria como fiel mo-
               narquista.

                     Pois é, que geração é essa, onde o berrante da concupiscência, o olhar da ambição e do interesse
               próprios, o caminhar de uma educação onde o físico e a mente se afogam em desordenadas interrogações,
               ante maus exemplos, canta a moral de quem nada quer passar a limpo afixado no quadro negro da História
               emudecida de entusiásticos hinos pátrios?


                     UM SETE HISTÓRICO

                     O feriado do sete de setembro nos leva, não só a comemorar esse dia, mas também a abraçar e a
               refletir sobre a data, que as folhas do tempo arrancam, plácidas ou implacáveis, marcando fatos e feitos.
               Recordo meus dias de “fessora” em que, idealista, criava cenas para desfile obrigatório, inventando teatrinho
               e vestimentas atrelados à data. Anos corridos, missão de repassar fatos alusivos a ela, às cabecinhas de uma
               meninice ávida do saber. Contar como nasceu o hino em pleno grito da Independência, no entusiasmo de
               Pedro I (que dizem ser a música de seu professor Marcos Portugal) e a letra do livreiro e político Evaristo da
               Veiga, cantado naquele dia comemorativo, no paço Municipal. Levar a classe a interpretar o poema, todo na
               ordem inversa, modismo da época, era trabalho civicamente satisfatório.
                     Esse sete me trouxera recordações emocionantes. A faixa homenageando o saudoso prefeito Hugo
               Rodrigues da Cunha pela honestidade, caráter inquestionável de esposo, pai, amigo e de homem público,
               lembrado pela Setas e me sendo mostrada no Face book pela saudosa filha Patrícia, linda e educada, contan-
               do de sua emoção, reviveu em mim misto de alegrias e saudades. Alegrias, quando me “caiu a ficha” daquela
               garotinha que me lembrara imagem como mestra de música, depois das muitas presenças em sua casa, das
               vezes em que nosso coral subia em caminhões cantando o jingle que fizera ao pai candidato:


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