Page 63 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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tido, como era de praxe na época e deixava-os decifrar onde estaria o sujeito: As margens plácidas do Ipiranga
ouviram o brado retumbante de um povo heroico. Tudo isso para que a classe cantasse nosso Hino com arte
e civismo. No primeiro caso contava sobre o hino vencedor de Leopoldo Miguez e Medeiros e Albuquerque,
que nos albores da República, fora o hino escolhido em concurso. Cabecinhas ávidas, curiosamente, faziam
perguntas, as mais inusitadas. Por que não fora conservado? Será que em todo concurso, vencedores são
escolhidos por antecipação? A História o renegou pelas metáforas, poema de difícil entendimento? Mas o
tempo o consagrou...
Necessário, como dissera no início desse honroso trabalho de pesquisa, que uma diretora de escola me
alertara a troca de letra do hino que compusera para sua escola, por estarmos em outros tempos, achando-o
obsoleto!
Narrando: a música de Francisco Manoel composta na abdicação de Pedro I em 1830 permaneceu
por cem anos e as letras eram adaptáveis de acordo com os fatos a serem exaltados. Marechal Deodoro da
Fonseca, no período republicano (1889) abriu concurso para escolher o que viria a ser nosso Hino Nacional,
como dissera acima. Mas, o júri preferia o velho hino, quando Osório Duque Estrada adaptou a letra que co-
nhecemos à bela música de Francisco Manoel.
E o que decidiram com o hino vencedor em concurso? Passou a ser nosso Hino à Proclamação da
República, perfeito na sua estrutura sonora e poética: Seja um pálio de luz desdobrado/Sob a larga amplidão
destes céus...
Lástima, ouvir nosso hino cantado, cheio de vícios de linguagem e de entonação. Colocam: braços
fortes, no plural, a preposição de um sonho, por que na segunda parte existe o Brasil, de amor eterno... Só
associar que, na parte um, sonha-se e na parte dois, vem o amor... E na sua execução cantada, conforme
decreto, obriga-se cantar as duas estrofes, que, acredito, não voltar à outra parte, com a introdução. (Afinal,
o que se chama de Introdução traz sentido de que já fora iniciado. O que muitos interpretam repetir tudo, na
íntegra, o que discordo. Que se faça a letra do canto completo e na tonalidade adaptável à voz (Fá maior). Mas
se só orquestrado, executa-se somente a primeira parte em tonalidade brilhante de si bemol.
Explanando sobre nosso Hino Nacional, numa formatura do Sesi, um aluno veio a mim concluindo:
Agora gostarei de cantar o Nino Nacional!
E você descobriu o sujeito nessa oração invertida? “Ouviram, do Ipiranga, as margens plácidas/De um
povo heróico, o brado retumbante”.
Observe: as margens plácidas, não tem crase...E o verbo - ouvir - está no plural.
OS “WAGNERIANOS DO RITMO”
Não só de administração vivem nossos mandatários citadinos. Arte se faz presente e para doce surpre-
sa, compusera eu, um poema que musicara para uma festa:
Minha Uberaba boa/A cidade toda entoa... Não és mais, a Princesa do Sertão/
Aqui eu te peço perdão.../És a Rainha do Triângulo/Tens um novo ângulo/Da cidade
que cresceu/Rumo à industrialização/Marcando um novo conceito/ Consertando o
imperfeito/Na terra da construção…Uberaba!/ Os meus versos/Eu vou fazendo rimado/
Porque o meu canto é sagrado/És a visão do progresso/A conquista do sucesso/ Da
cidade que cresceu/Pela humanização/...
Pedira a Wagner do Nascimento que a “enfeitasse”, em mais um aniversário da cidade. Eis, que me
chegara em casa com seus irmãos empunhando instrumentos de percussão marcados com suas possantes
vozes impregnando a sala de algo inusitado. Sucesso, aquela visita, que me levou a gravar em fita cassete, o
riquíssimo feito que intitulara os “Wagnerianos do ritmo”...
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