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CONSIDERAÇÕES SOBRE O HINO DE UBERABA

                                                           Olga Maria Frange de Oliveira
                  Musicalmente, nosso hino apresenta uma linha melódica que se coloca em primeiro plano em relação
            à parte rítmica. A melodia é bela e de fácil memorização. Quanto à letra, podemos afirmar que se trata de
            uma verdadeira declaração de amor a esta cidade. Em poucos versos, Ari de Oliveira conseguiu abordar as-
            pectos que revelam as riquezas desta terra e a índole de sua gente hospitaleira e acolhedora: as bandeiras que
            desbravaram esta região, incrustada no coração do Brasil; a têmpera rija e altaneira do povo desta terra, que
            não cede às pressões dos inimigos quando os preceitos relacionados à honra e aos princípios morais estão
            em jogo; a capacidade de acolher amorosamente os forasteiros que aqui se fixaram e ajudaram a construir o
            progresso da nossa “Princesa do Sertão”.

                  Segundo seus inspirados versos, Uberaba é para seus filhos o bem mais precioso, por suas qualidades
            raras e singulares. O hino exalta suas matas, seus campos e montes, suas riquezas, enfim, magnificamente
            realçados por um lindo céu azul de anil.
                  Sua letra foi estruturada em forma de três estrofes com quatro versos decassílabos cada uma, que
            apresentam rimas externas alternadas entre versos ímpares e pares, na forma ABAB. Segue-se a cada estrofe
            o refrão de métrica livre, impregnado de amor e orgulho por esta Uberaba de tantos encantos.
                  A primeira audição do hino ocorreu em 22 de fevereiro de 1936. Embora tenha sido composto por
            vontade própria e não por encomenda da municipalidade, foi oficializado no início de 1937, ano em que os
            hinos foram abolidos pelo Estado Novo. Em 1948, com a redemocratização do País, o hino foi reoficializado,
            tendo sido novamente interditado em 1964, no período da Ditadura Militar.
                  Somente em 23 de dezembro de 1992, por meio do Projeto nº 193/91, de autoria do vereador João
            Batista da Cruz, o Hino de Uberaba, com letra de Ari de Oliveira e música de Gabriel Toti, foi novamente
            aprovado e deu origem à Lei nº 5081, sancionada em 7 de janeiro de 1993 e publicada no Jornal da Manhã.
            Contudo só em 1997, na solenidade de posse do prefeito Marcos Montes, em seu primeiro mandato para o
            período 1997/2000, o Hino Oficial de Uberaba foi apresentado no encerramento da solenidade, na voz do
            cantor Hélio Ademir Siqueira. A partir daí, passou a ser executado em todas as ocasiões solenes programadas
            pela Câmara Municipal de Uberaba.



                  DADOS SOBRE OS AUTORES DO HINO DE UBERABA
                  O autor da letra do hino municipal, Ari de Oliveira, nasceu em Montes Claros, por volta de 1900, e mu-
            dou-se para Uberaba na década de 1930. Era jornalista e tornou-se fundador da Revista Zebu, em 1939, que
            passaria mais tarde a órgão oficial da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro. Durante a década de 1940, a Grá-
            fica Zebu, de sua propriedade, editou o conhecido Livro Azul do Triângulo Mineiro. Esse livro fornecia infor-
            mações sobre transportes, demografia, economia e utilidades dos municípios triangulinos. Editou também,
            até o seu falecimento, o Jornal de Uberaba, onde sustentou com veemência a bandeira da emancipação da
            região do Triângulo.

                  O autor da música do Hino de Uberaba, Gabriel Toti, nasceu em 1889 e faleceu no ano de 1967. Ele era
            filho do imigrante italiano Paschoal Totti, um dos pioneiros da industrialização de Uberaba. Gabriel foi aluno
            de primeiras letras da professora Emelina des Genettes. Prosseguiu os estudos no Colégio Marista Diocesano
            e concluiu o curso secundário em São Paulo. Fez seus estudos superiores na Itália, onde permaneceu durante
            três anos cursando arquitetura.
                  Era um homem de múltiplos talentos e, ao retornar da Europa, dedicou-se a atividades industriais e
            comerciais, tornou-se historiador e também atuou nas áreas de literatura, jornalismo, música e arquitetura.

                  O maestro Renato Frateschi foi professor particular de violino de Gabriel e atendia também seu irmão
            Pascoal, aluno de bandolim, e sua irmã, Quita, que estudava piano. Em 1907, Renato compôs duas lindas



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