Page 57 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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valsas, expressamente escritas para serem executadas em trio pelos irmãos Toti: “Lamentos” e “Brisa do mar”
(ambas para violino, bandolim e piano).
Foi ele o autor da monografia de Uberaba, publicada em 1956, na comemoração do primeiro cente-
nário da elevação de Uberaba à categoria de cidade. Essa publicação tornou-se uma referência na história
da “Cidade das Sete Colinas” e traz uma antológica matéria intitulada “Como ainda conheci Uberaba”, de sua
autoria, além da inspirada crônica “A Árvore do Choro”.
DEPOIMENTO: “HINOS QUE UBERABA CANTA”
Arahilda Gomes Alves
Os hinos sofreriam desgaste através do tempo? Fui surpreendida, há anos, por uma diretora de uma
escola local solicitando-me alteração à letra, que considerava obsoleta.
Se nos apegarmos à História, a começar pelos hinos oficiais compostos em século passado, desfaría-
mos todo o conhecimento de uma época onde a Arte, em que se aboleta a música, marcaria uma lacuna de
conhecimentos, uma sombra em que a literatura e a música se perderiam na escuridão da memória.
Já pensaram, se mudássemos os hinos pátrios, a começar pelo Hino Nacional escrito na ordem inversa,
modismo da época e que nos albores da República trazia o tema da Independência, assim interpretado: “As
margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico...” Ou, no da Proclamação
da República escolhido pelo júri como Hino Nacional, mas que o povo não o aceitara: “Seja um pálio de luz
desdobrado/Sob a larga amplidão destes céus”... Ainda o da Bandeira: “Salve lindo pendão da esperança/Salve
símbolo augusto da paz/Tua nobre presença nos traz à lembrança /A grandeza da Pátria...”
Os hinos trazem, na sua estrutura musical, cadência mais solene diferenciando de marcha, como o é o
Hino Nacional, cuja letra já existia desde a abdicação de Pedro 1 com a música de Francisco Manuel da Silva
entoada em eventos, que se desejavam destacar. Não deixa de ser uma exaltação, na acepção literária sendo
marcha, na sua estrutura musical.
Representam exaltação, louvor, símbolos homenageando cidades, escolas, sejam cívicos ou religiosos.
De ritmo mais solene, onde a prosódia segue o mesmo encaminhamento marcando a tônica das palavras
poéticas no tempo forte do compasso. Regra a ser observada, no encontro das duas ideias: literária e musical.
Se houver dois compositores na sua criação, confortável tal desenvolvimento, sem que ambos não decepem
a criatividade de um ou de outro. Comecemos pelo Hino Nacional, que durante os idos de 1932 trazia letra
desde a Introdução.
A INTRODUÇÃO DO HINO
Certamente, nunca se ouviu dizer, que a introdução traz uma letra, ou, quando muito, que ela vem
apenas vocalizada. No dicionário de música, significa pequeno trecho que antecede a qualquer composição
do gênero clássico. No início de uma ópera denomina-se: abertura ou ouverture (em francês); protofonia,
prólogo, no português. Na literatura, pequeno trecho que se antepõe à exposição de um assunto; é a parte
inicial, antes de se expor um argumento.
A simpática santista Ana Arcanjo, membro da Cruz Vermelha, em 1932, e que se apresenta no vídeo, nos
seus mais de noventa anos, creio, admoesta sobre esquecimento dessa cívica introdução do nosso Hino Na-
cional. Veio de Pindamonhangaba, através de Américo de Moura, presidente da província do Rio de Janeiro,
de 1879 a 1880 a patriótica letra “incorporada ao Hino, em 1931 por resolução do Congresso”, (ver Wikipédia)
que antecede o poema de Duque Estrada. Tente cantar, prosodicamente, sem desanimar, porque não deixa
de ser aplicado exercício de articulação vocal, quanto respiratório e cívico:
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