Page 453 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Durante as férias do 1º anno e quase já no meio da epocha destinada ao preparo
                                          do terreno, é que a Directoria poude dar começo á derrubada  de pequeno matto,
                                          queima e plantio de milho á enxada, porque não dispunha de instrumentos aratorios
                                          para inaugurar um processo de cultura racional, revolvendo o campo, para demonstrar
                                          que ahí póde se obter tão boas colheitas como nas queimadas de mattas virgens.
                                          (Gazeta de Uberaba, 30/07/1899, p.1 aput Riccioppo, 2007, p. 204).

                     A grade curricular e o regulamento tinham por objetivo possibilitar aos alunos uma formação agronô-
               mica e zootécnica. Durante o tempo que funcionou, o Instituto enfrentou sérios problemas referentes a falta
               de infraestrutura e de recursos financeiros para o desenvolvimento das atividades escolares. A maior parte
               dos materiais necessários foi comprada parcialmente no final de 1897, mais de um ano e meio após o início
               do funcionamento do curso.

                     Em outro artigo, Militino Pinto denunciou a precariedade de recursos da escola no primeiro ano de
               curso:

                                                No correr desse ano houve a maior reluctancia da parte do governo em fornecer
                                          o indispensavel á pratica do ensino, apesar de reiterados pedidos feitos com a maior
                                          previdência pela Directoria, como fossem: animaes para a pratica zootechnica,
                                          laboratorios e gabinetes, instrumentos aratorios e bibliotheca. Foi tão grande a
                                          indifferença que mal se conseguiu uma caixa com alguns reactivos, algumas retortas
                                          de vidros e de grès, ordinarias, muito vidro inservível, muita rolha de cortiça, alguns saes
                                          e poucas outras substancias para as experiencias mais corriqueiras nestes assumptos.
                                          De physica apenas um polarymetro e dois espelhos, nem sequer um thermometro, um
                                          barometro e apenas um tubo de Newton, notando-se ausencia de tudo o mais que
                                          se torna imprescindível em um gabinete de ensino o mais elementar. Relativamente
                                          ao serviço de campo nem ao menos um arado, quanto mais outro instrumento de
                                          engrenagem mais complicada! (Gazeta de Uberaba, 30/07/1899, p. 1 aput Riccioppo,
                                          2007, p. 208).
                     Revelando suas conquistas intelectuais, alguns estudantes, sob a liderança de Hildebrando Pontes, cria-
               ram o Grêmio Agro Científico dos Estudantes do Instituto Zoothecnico de Uberaba no dia 18 de outubro de
               1896. Dessa entidade resultou a publicação Revista Agrícola. Segundo Pontes:


                                                Quando cursava o 3º ano letivo, fundei com outros colegas desta classe (Delcides
                                          Carvalho, Fidelis Reis, Militino Pinto de Carvalho e José Maria dos Reis), a 15 de agosto
                                          de 1897, um panfleto intitulado “Revista Agrícola” que se publicou durante um ano. Foi
                                          neste jornal que pela primeira vez escrevi para o público. Eram artigos sobre agronomia
                                          e zootecnia. A “Revista era órgão do “Grêmio Agro Científico dos Estudantes do Instituto
                                          Zootécnico de Uberaba”, fundado em 1896, por todos os estudantes e iniciativa de
                                          Fidelis Reis, Militino Pinto de Carvalho e José Maria dos Reis. O “Grêmio” extinguiu-se
                                          com a colação de grau da primeira turma de engenheiros agrônomos, a saber, os supra
                                          mencionados: Fidelis Reis, Militino Pinto de Carvalho e José Maria dos Reis e mais os
                                          jovens Delcides Carvalho, Gabriel Laurindo de Paiva, Luiz Ignácio de Souza Lima, Otávio
                                          Augusto de Paiva Teixeira e eu. No ano imediato (1896), que devia dar a segunda turma,
                                          foi o estabelecimento suspenso de funcionar até 2º ordem pelo presidente do Estado,
                                          Francisco Saviano de Almeida Brandão. Portanto, não houve lei declarando-o extinto.
                                          (PONTES, 1970, p.411).

                     Durante a curta existência do Instituto, o governo do Estado manteve alguns pagamentos, mas não
               assumiu despesas com materiais, utensílios de laboratórios e a manutenção do prédio e campos. No mês
               de junho 1899, o vereador Gabriel Junqueira (1898-1901) enviou ao secretário da Agricultura de Minas Gerais
               pedido de ressarcimento de gastos da escola, pagos pela municipalidade. Na relação constava conserto do
               telhado do estábulo, do paiol e da parede da cozinha, danificados por um vendaval; medicamentos para car-
               neiros; gastos com creolina, com grampos para repregar as cercas de arame e com livros para registros de
               ofícios.

                     O segundo ano de funcionamento chegou e com ele novos alunos. A falta de professores logo foi per-
               cebida, mas o Estado não conseguiu suprir. Em fins de 1896, ocorreu uma pressão por mudanças na estrutura



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