Page 452 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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2º Ano- zootecnia especial, particularmente estudo dos bovinos, ovinos,
eqüídeos, suínos e caprinos, agricultura geral, cultura das plantas forraginosas,
drenagem e irrigação, química biológica e agrícola. Trabalhos práticos: preparação e
análises químicas, trabalhos de cultura.
3º ano: higiene agrícola e arte veterinária, tratamento das moléstias mais vulgares,
sericultura, indústria de laticínios, criação de vacas leiteiras, preparação e conservação
de carnes, contabilidade agrícola e agrimensura. Trabalhos práticos de veterinária,
preparação de laticínios, viticultura e agrimensura. (Emenda 217 - Lei 41).
A inauguração formal do Instituto Zootécnico aconteceu no dia 14 de agosto de 1895. Um jornal de
Ribeirão Preto relatou as comemorações:
Esplendida a festa de inauguração do Instituto Zootechnico: apesar do tempo, tão
quente, do mau estado das ruas, poeirentas, o acto foi concorrido, o edifício encheu-
se de representantes de todas as classes, não faltando grande numero de senhoras.
Funccionaram duas bandas de musica, a União Uberabense e a do 2º Batalhão da
Brigada Policial. O dr. João Pandiá Callogeras abriu a sessão com um bom discurso,
depois do qual ouviu-se muito attenciosaemente o dr. Ernesto de Carvalho sempre na
altura do assumpto, falando ex-cathedra, como era mesmo para esperar-se do director
do utilissimo estabelecimento; falaram também o dr. Mario Tourinho, o capitão Artiaga
e o major Gustavo Ribeiro; o digno director da Escola Normal, eloqüente, respeitador
da forma, muito justo, sempre prompto a dar o seu a seu dono. Pelo facto do dia 14,
de importância especialissima para o progresso do nosso bello sertão, dou parabens a
todos que, como Alexandre Barbosa, viram coroados os seus ingentes esforços. (São
Paulo e Minas, 22/08/1895, p. 2 aput Riccioppo, 2007, p.203).
Com os alunos da primeira turma selecionados e parte dos professores e funcionários contratados, a
escola não possuía ainda instalações completas e os aparelhos necessários para o seu funcionamento.
As aulas iniciaram-se em agosto de 1895, com 19 alunos: sete aprovados no processo seletivo e outros
12 que passaram a assistir as aulas como ouvintes. Os estudantes souberam conciliar a teoria e a prática dos
trabalhos. Isso pode ser constatado pelo atendimento que começou a ser realizado em maio de 1895, quan-
do fazendeiros passaram a fazer a vacinação do gado nas dependências da escola, com funcionários que ali
já trabalhavam, conforme pode ser verificado no registro da ata abaixo:
Oficio do Doutor Ricardo Ernesto Ferreira de Carvalho, comunicando que o
Governo Estadual, autorizou os serviços de vacinação na creação de gado e outros
animaes deste município e visinhos, cujo serviço foi começado pelo Chefe de
trabalhos práticos do Instituto Zootechnico, desde o dia 1º do corrente mez. (CAM/EI,
L.3 12/05/1895, p. 5 v).
O Instituto propiciava ensino público totalmente gratuito. Exigia dedicação total do aluno, afastando da
instituição os jovens pobres, que não podiam deixar de trabalhar para estudar. Exigia que o aluno apresentasse
comprovante de conclusão do curso secundário, o que era outro empecilho para os jovens carentes, que
dificilmente chegavam a esse nível de ensino.
O fato de somente uma porção da sociedade ter acesso a escola sensibilizou a Câmara Municipal. No
dia 11 de março de 1898 foi aprovada a pensão de um conto e duzentos mil réis para auxiliar o aluno que não
tivesse condições financeiras para estudar no Instituto. O projeto, de autoria do vereador Moreira de Carva-
lho, visava o acesso de carentes que não tinham como se manter e estudar ao mesmo tempo. O estudante
beneficiado não chegou a usufruir da aquisição, pois a escola fechou antes.
O governo estadual não disponibilizou equipamentos agrícolas necessários para a plena prática acadê-
mica. Tal fato resultou em prejuízos para o aprendizado de campo. Porém, o alto nível de comprometimento
dos professores e dos alunos os estimulou a buscar em meios de contornar o problema. Utilizavam-se dos
poucos recursos didáticos de que dispunham. Assim descreveu o aluno Militino Pinto, em artigo na Gazeta
de Uberaba:
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