Page 456 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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governo mineiro. O imposto causou incômodo aos produtores rurais, incômodo este mencionado nas Atas
da Câmara:
Indicação de Manoel Borges de Araujo, Domingos Prata, Francisco Meirelles,
Manoel Terra e Carlos Cunha propondo que esta Câmara represente ao Congresso
e Senado Mineiro, protestando contra o imposto territorial pedido na mensagem
presidencial, recomendando as razões já ponderadas pelo Clube da Lavoura deste
município. Aprovado por unanimidade (Atas da Câmara, l. 03. p. 286).
A hipótese de retaliação do governo pelo protesto ao imposto territorial foi equivocada, considerando
que a primeira reunião do Clube da Lavoura ocorreu na Estação de Palestina, no dia 23 de janeiro de 1899, e
o Instituto deixou de funcionar em outubro de 1898, três meses antes de fundado o partido. Sendo assim, o
Governo não poderia ter fechado a Escola como forma de retaliação à criação de um partido que ainda não
havia sido criado.
O ex-governador, Silviano Brandão (1898 a 1902) sempre foi lembrado como o dirigente que fechou o
Instituto Zootécnico de Uberaba, primeira instituição de curso superior e o grande orgulho da cidade. “E foi
suprimido, em fins de 1898, por uma simples ordem telegráfica do Presidente do Estado, Dr. Silviano Brandão”
(MENDONÇA, 1974, 108). Porém a suspensão das aulas não ocorreu no governo de Brandão, que tomou pos-
se do cargo em 07/09/1898 e, sim, no de seu antecessor, Bias Fortes. Comentando o fato, o Jornal Gazeta
de Uberaba noticiou sua esperança de solução da questão pelo novo governo:
O Dr. Silviano Brandão, tomando conta do governo ha poucos dias, sabemos,
não teve ainda tempo de inquerir do que vae de anômalo no Instituto Zootechnico de
Uberaba, cujas aulas foram suspensas, com grave prejuizo dos alumnos que o cursam,
pelo inepto governo do dr. Bias Fortes, não tendo havido para tanto uma causa que
o determinasse. [...] Como outr’ora na Escola Normal a politicagem trefega invadio o
Instituto Zootechnico, concorrendo para rebaixar os créditos de tão útil instituição que
nos custa não pequena cifra pecuniária annualmente. O que o governo Bias fez para
desmoralisar o Instituto e o seu director ressalta do expediente publicado no orgam
official do Estado quando se referia a um e a outro,admirando que deixasse para resolver
a questão nos últimos momentos de sua infecunda administração pelo modo infeliz
por que o fez. [...] Certamente o exmo sr. dr. Silviano Brandão procurará investigar de
tudo que tem occorrido no Instituto e sabiamente, proficuamente, resolverá a questão
[...] (Gazeta de Uberaba, 18/09/1898, p. 1).
Assumindo um estado decadente economicamente, o Presidente de Minas, em 04/10/1898, Dr. Silvia-
no Brandão, assinou o Decreto nº 1.191 dispensando todo o pessoal docente e administrativo dos estabeleci-
mentos de ensino agrícola do estado, paralisando as atividades desenvolvidas nessas escolas.
O Jornal Minas Geraes, órgão oficial do governo estadual, publicou, no dia 09/10/1898, uma série de
atos do Presidente Silviano Brandão, quase todos iniciando e promovendo um processo de economia. Entre
eles, o do dia 05/10/1898, que confirmava a extinção do Instituto Zootécnico de Uberaba, assim como do
Instituto Agronômico de Itabira.
Logo após o fechamento, o Prof. Ricardo Ernesto, diretor do Instituto na época de sua extinção, propôs
ao governo estadual alugar as instalações do extinto Instituto Zootécnico. No local, o professor pretendia
fundar um Instituto de Humanidades, com estudos literário, científico e agrícola. A escola seria em regimes
de internato e externato, com aulas destinadas ao que hoje se denomina ensino fundamental, e ainda ensino
profissional nas áreas de Agricultura, Zootecnia e Agrimensura. O governo não concedeu. Logo após ter sua
proposta recusada pelo Estado, o Prof. Ricardo Ernesto foi embora de Uberaba.
O ex-diretor do Instituto, Frederico Maurício Draenert, se recusou a abandonar o prédio do Instituto,
onde também residia. Mesmo sendo um cientista de renome internacional, Draenert decidiu permanecer em
Uberaba.
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