Page 438 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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O assunto de escolas voltadas para a agropecuária foi retomado em 12 de dezembro de 1892, em ofí-
cio da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de Minas Gerais, pedindo à Câmara
para se incumbir de desapropriar 30 ou 40 alqueires de terrenos situados no perímetro da cidade ou em suas
circunvizinhanças, para instalação do edifício do Instituto Zootécnico e campos de experiência de aclimação
e pastos.
Alguns fatos contribuiriam para que a instalação de uma escola agropecuária em Uberaba se efetivasse.
Após a Proclamação da República, a Câmara Legislativa Estadual se empenhou em reorganizar o sistema
educacional, seguindo os objetivos do governo republicano. A autoridade ansiava por desenvolvimento e
assim estimulou o aprimoramento do ensino, a erradicação do analfabetismo e o desenvolvimento de ativi-
dades ligadas à pesquisa. Em dezembro de 1889 foi sancionada lei provincial criando cinco escolas agrícolas
em Minas Gerais. Jornal Uberaba 24/01/1943.
CRIAÇÃO DO INSTITUTO ZOOTÉCNICO DE UBERABA
Em três de agosto de 1892, o projeto de lei contendo a Emenda 217 transformou-se na Lei 41, promul-
gada pelo governo do Estado, que criou o Instituto Zootécnico de Uberaba, além de outros dois em Itabira
e Campanha. A Lei 41, que culminou na abertura de várias escolas em 1894, regulamentou o ensino público
nos níveis primário, elementar, secundário, técnico e superior em Minas Gerais.
A população recebeu com entusiasmo a aprovação da lei. O Instituto deu início à trajetória do ensino
superior em Uberaba, formando engenheiros agrônomos. Foi o terceiro curso superior em Minas Gerais.
Ouro Preto e Itabira abrigavam as outras escolas superiores. A imprensa local deu destaque à importância da
escola para a cidade.
Em reportagem publicada em 1892, o jornal Gazeta de Uberaba reportou que o Instituto Zootécnico
viria a ser um foco de luz que regeneraria a pecuária na região. As enfermidades do gado seriam estudadas
e formas mais econômicas de cura e criação seriam produzidas. Reforçou, ainda, a importância do papel do
Estado na melhoria na indústria pastoril:
[...] o Estado de Minas pode e deve intervir no melhoramento da industria pastoril,
que alem de ser já presentemente bastante prospera, é também fornecedora da força
necessária a muitas outras industrias e que serve de meio de transporte para mercadorias
por toda a parte, onde ainda não chegou a Estrada de ferro. É preciso, porém, para
que o auxilio do Estado se torne efficaz, que elle seja methodicamente ministrado.
Deve-se começar pela creação de uma instituição de ensino modesta, mas dotada de
terreno, animaes, e material industrial e therapeutico. O plano de um instituto dessa
espécie, approvado no anno passado na Camara dos Deputados e que ora se discute
no Senado, contém precisamente as bazes de uma organisação que não pode deixar
de produzir os mais benéficos resultados. Jornal Gazeta de Uberaba, 21/05/1892, p.1
O Instituto foi inaugurado em 14 de agosto de 1895 e esteve em funcionamento por três anos. O diretor
era o engenheiro agrônomo Ricardo Ernesto Ferreira de Carvalho. Foi regulamentado pelo Decreto 975, de
27 de outubro de 1896. O Art. 1º do regimento do Instituto enumera os objetivos:
Art. 1º. O Instituto Zootechnico de Uberaba tem por fim especial:
1º.preparar profissionaes para a industria criadora e para as mais importantes que
se utilizam dos productos animaes;
2º. ministrar uma instrucção agrícola geral, theorica e pratica aos alumnos que
o freqüentarem de modo a espalhar o mais possível no paiz os conhecimentos de
agricultura racional;
3º. estudar praticamente os meios de melhorar as raças de animaes do paiz, nos
diversos pontos de vista da carne, do leite e do trabalho;
4º. fornecer aos criadores reproductores de bôa raça, que para a cobrição no
estabelecimento ou em postos estabelecidos nos municípios, quer por venda de
animaes importados do extrangeiro ou educados no Instituto;
5º. desenvolver a cultura das plantas forraginosas apropriadas á alimentação dos
animaes. (Jornal Minas Gerais, 1896, p. 350. APUT RICCIOPPO, 2007 p.199).
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