Page 433 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil

A pecuária foi uma atividade econômica que se desenvolveu aos poucos, tornando-se, claramente, a
opção econômica do lugar, estruturando e delineando seu perfil agropastoril. O memorialista Antônio Borges
Sampaio comentou em suas anotações a respeito da produção agropecuária de Uberaba, em meados do
século XIX:

O mercado do gado bovino e suíno entra como primeiro fator de todo o
movimento comercial, industrial, agrícola, secundando o café, açúcar, aguardente,
fumo, manteiga, queijo. Muitos estabelecimentos com aparelhos modernos existem
em toda zona para o fabrico do açúcar, aguardente, manteiga, beneficiamento do café,
arroz, fumo; muitos engenhos de serrar madeira; excelentes fazendas de criação e
colheita de cereais, salientando destes o milho, feijão, [...] (SAMPAIO. P.143).

Uberaba se localiza numa posição geográfica estratégica, desde a fundação do arraial de Santo Antonio
e São Sebastião, onde se formaram dois eixos, um no sentido leste-oeste do sertão de Minas até Mato Grosso,
e outro no sentido norte-sul, abrangendo Goiás e São Paulo. Isso permitiu o desenvolvimento do comércio,
com o aparecimento de várias casas comerciais em Uberaba, além do desenvolvimento da atividade agro-
pastoril, estimulada pelo comércio, principalmente do sal. Os comerciantes compravam produtos na capital
paulista, revendendo-os para o sertão, assim como recebiam os produtos do sertão e os revendiam para São
Paulo e Rio de Janeiro. Os diversos produtos de Uberaba, como: couro, carne salgada, tecidos caseiros de
algodão, açúcar mascavo, rapaduras, queijos e outros eram transportados pelos carros de bois e pela nave-
gação fluvial para lugares distantes. Na volta os comerciantes traziam muitos produtos: sal, arame farpado,
querosene, calçados, armarinhos, etc.

O comércio de gado era feito com as cidades de Formiga e de São João Del
Rei – de onde se alcançava o Porto da Estrela, Magé, Rio de Janeiro. Aquelas cidades
mineiras, por sua vez, abasteciam de produtos manufaturados as regiões do atual
Triângulo Mineiro e as províncias de Goiás e Mato Grosso. No lombo de tropas de
mulas ou nos carros de boi, vinham também toneladas de sal grosso em sacas –
essenciais para a pecuária bovina – enfrentando os caminhos de terra que, por isso,
eram conhecidos como “rotas” ou “estradas salineiras”. (LOPES, REZENDE. P. 21)

Superintendência do Arquivo Público de Uberaba

Praça Rui Barbosa em 1906. Carros de bois transportavam de Uberaba produtos para locais distantes
e na volta traziam outros produtos.

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