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ORIGENS DA PECUÁRIA EM UBERABA
Luciana Maluf Vilela
Marta Zednik de Casanova
Segundo alguns historiadores, as primeiras cabeças de gado introduzidas no Brasil, a maioria de origem
europeia, foram trazidas em 1534 pelo donatário Martim Afonso de Souza, donatário da Capitania de São Vi-
cente. Sua utilidade era grande: forneciam alimentação, como a carne e o leite; o couro; e utilizavam como:
transportes, animais de tração e nas moendas dos engenhos.
Em Uberaba, a origem do gado aconteceu com a fundação dos arraiais da Capelinha e de Santo Anto-
nio e São Sebastião. Para entender o significado da pecuária é importante destacar que a grande disponibili-
dade de terras férteis, a abundância de água e a posição estratégica favorável levaram os entrantes do Julgado
do Desemboque e do arraial da Capelinha a explorarem as áreas onde se formaria Uberaba, contribuindo para
o desenvolvimento das atividades agropastoril e do comércio.
Desemboque foi o primeiro núcleo populacional do Triângulo Mineiro, onde desenvolveu a exploração
das minas auríferas. A partir de 1787 as minas exauriram e os moradores procuraram novas terras para se
estabelecerem na região do Sertão da Farinha Podre, mais tarde denominado Triângulo Mineiro. Essa região
pertenceu à província de Goiás até 1816, quando passou para Minas Gerais.
Havia muitos obstáculos à colonização da região, como: territórios inóspitos e a presença do índio hos-
til. Diante disso, o governo de Goiás, para dinamizar a administração da região, nomeou, em 1809, Antonio
Eustaquio da Silva e Oliveira, natural de Ouro Preto e residente em Desemboque, para a função de coman-
dante regente dos Sertões da Farinha Podre e, em 1811 foi nomeado, por Ato Governamental, curador de
índios. Essas nomeações legitimaram a colonização e, portanto, foram organizadas algumas expedições para
explorar a região. As mais significativas para o povoamento de Uberaba foram:
• Em 1810, o major Eustaquio organizou uma expedição saindo do Desemboque e atingindo as
terras de Uberaba e depois seguiu até o rio da Prata, formado pelos rios Piracanjuba e do Peixe.
• Mais tarde outra expedição liderada por José Francisco Azevedo atingiu a cabeceira do ribeirão
Lajeado e fundou o arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km do rio Uberaba, próximo ao
povoado de Santa Rosa. Esse povoado é considerado o primeiro marco colonizador de Ubera-
ba, onde foi erguida em 1812 uma capela tendo como oragos Santo Antonio e São Sebastião
e construídas aproximadamente 10 casas construídas de pau roliço sobre esteios forquilhados,
presos por cipós e cobertas com folhas de palmeira baguaçu. O arraial da Capelinha não se de-
senvolveu por falta de recursos hídricos, conforme constatou major Eustaquio em visita àquele
local.
• Diante disso, ele comandou outra expedição, provavelmente em fins de 1812, composta por
30 homens, com o objetivo de procurar um novo local para se estabelecerem e que tives-
sem recursos hídricos, terras férteis e posição estratégica favorável. A expedição chegou ao rio
Uberaba e se fixou na margem esquerda do córrego das Lajes com o rio Uberaba, onde foram
encontradas as condições propícias à colonização. Major Eustaquio edificou sua casa em uma
área que denominou chácara da Boa Vista (hoje Fazenda Experimental da Epamig, na Univerde-
cidade). Junto com o major Eustaquio (considerado o fundador de Uberaba) vieram fazendeiros
e aventureiros, escravos e libertos.
Em 1816, a cerca de dois quilômetros da chácara da Boa Vista, córrego acima, o major Eustaquio cons-
truiu um retiro na Praça Rui Barbosa, esquina com a Rua Artur Machado, com o objetivo de abrigar os animais,
entre eles: bois, cavalos; uma tenda de ferreiro e mais tarde uma residência.
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