Page 665 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Associação Esportiva e Cultural, novo clube recreativo, funcionando no mesmo local. Era também reduto do
Jazz Villaça Júnior, que agitava as Domingueiras Dançantes e quase todos os bailes ali realizados. Sempre que
necessário o Jazz Linde (cujo band leader era Adalberto Bueno) era contratado, uma vez que a agenda do
maestro Villaça era bastante concorrida. Outro conjunto que despontou na Associação Esportiva e Cultural
na década de 50 foi o Chaguinha e seu Sexteto.
Os conjuntos regionais estavam em voga nas décadas de 40 e 50, acompanhando os calouros nos
programas de auditório da PRE-5. A Rádio Sociedade Triângulo Mineiro inaugurou suas novas instalações no
andar superior do Edifício Ford em 3 de agosto de 1941, situada na rua Major Eustáquio nº 13. A nova sede
possuía um excelente espaço para apresentações, o Salão Grená, com 270 poltronas e um palco luxuosa-
mente ornamentado, além de moderníssima mesa de som adequadamente aparelhada. A partir daí, a PRE-5
lotava seu auditório quando o locutor Geraldo Barbosa anunciava os calouros da noite. E aí entrou em cena o
Regional da PRE-5, organizado em 1938 pelo flautista e compositor Antenógenes Magalhães, passando para
as mãos de Abel Ferreira (músico respeitado em todo o Triângulo Mineiro, natural de Coromandel), em junho
de 1939. A partir de meados de 1941, João Tomé, cego de nascença e multi-instrumentista, assumiu a direção
do Regional, cargo que ocupou até 1960, quando transferiu-se para Brasília. Pertenciam ao conjunto: João
Tomé (violão), Rosemar Silva, o Docinho, (bateria), Adolfo Martins (bandolim), Osvaldo Reis (violão) e Jaime
de Moraes (violão).
Durante toda a década de 1940 os grandes cantores do rádio em nível nacional realizaram apresenta-
ções inesquecíveis em Uberaba: Vicente Celestino (1941/1943); Sílvio Caldas (1941/1945); Trio Guarás (1947);
Nelson Gonçalves (1947); Jorge de Córdoba, cantor mexicano radicado em Buenos Aires (1948); Emilinha
Borba (1948); Carlos Galhardo (1948); Francisco Alves (1948); Alvarenga e Ranchinho (1949).
Todo o glamour dos anos 50 era evidenciado nos bailes que lotavam os salões dos clubes locais, que
disputavam a vinda de orquestras conhecidas nacional e internacionalmente, como: Ataulfo Alves e suas Pas-
toras; Cassino de Sevilla; Waldir Calmon e seu Conjunto; Orquestra de Osmar Milani (SP), com a lady-crooner
Wilma Bentivegna; Silvio Mazzucca e seu Conjunto; Orquestra de Raul Barros, com a presença da famosa
acordeonista Adelaide Chiozzo; Don Castrito e sua Orquestra (da Argentina); Robledo e seu Conjunto, Or-
questra de Osvaldo Norton (Argentina). Os bailes mais famosos aconteciam em maio, durante a exposição de
gado, e o mais esperado pela alta sociedade era o Baile do Presidente, realizado no dia 3 de maio no salão de
festas do Jockey Club. Contávamos com quatro excelentes clubes na década de 50: Jockey Club de Ubera-
ba, Uberaba Tênis Clube, Sociedade Sírio-Libanesa e a Associação Esportiva e Cultural. Surgiu nessa época,
a Observatório, coluna social de Ataliba Guaritá Neto, no jornal Lavoura e Comércio, que funcionava como
termômetro social.
A boite Yucatan foi inaugurada em 30 de abril de 1956 no primeiro quarteirão da Avenida Brasil (hoje
Fidélis Reis), e movimentou as noites uberabenses até o final de 1959. O Conjunto Yucatan animava as noita-
das dançantes da boite sob o comando de João Tomé. A Yucatan trouxe a Uberaba artistas de peso, como:
Ari Barroso, Elizete Cardoso, Maísa, Nelson Gonçalves, Emilinha Borba, Ivon Cury, Dalva de Oliveira, Cauby
Peixoto, Gregório Barrios,William Fourneau, Steel Band y Calipso, Leny Everson, Silvio Caldas, Trovadores Del
Paraguay, e muito mais.
O início dos anos sessenta apresentou um verdadeiro êxodo, para Brasília, de músicos que tocavam na
noite uberabense, em busca de melhores oportunidades.
Em 1969, recém-chegado a Uberaba, Hélio Ademir Siqueira conquistou o 1º lugar no Concurso A
Melhor Voz Estudantil, no Ginásio do Uberaba Tênis Clube, interpretando a música Una casa in cima al mon-
do, numa promoção do Conservatório Estadual de Música Renato Frateschi, tendo como um dos jurados
Altemar Dutra. O jovem Hélio tinha 18 anos e começou, a partir daí, a construir uma sólida carreira de artista
multifacetado, ampliando seus horizontes artísticos pelos caminhos das artes plásticas, do artesanato e da
dramaturgia.
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