Page 662 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Seis outras bandas surgiram em diferentes momentos da segunda metade do século XIX, porém tive-
ram efêmera duração, permanecendo em atividade por períodos que variavam de um a quatro anos.
Em 16 de abril de 1894 foi inaugurado festivamente o primeiro Jardim Público de Uberaba na Praça da
Matriz (atual Rui Barbosa), tendo ao centro um coreto. Tornou-se local de retretas semanais, que atraíam bom
público aos domingos.
Ao longo de toda a primeira década do século XX, as bandas União Uberabense e União Santa Cecília
participaram intensamente do cenário musical, atuando em todos os eventos relevantes na cidade e região:
datas festivas do calendário nacional, recepção de autoridades na gare da Mogiana, inaugurações, aniversá-
rios, retretas na Praça da Matriz, festas religiosas, funerais, concertos no salão nobre da Câmara Municipal,
cinematógrafos, posses de agentes executivos e vereadores, passeatas políticas e muito mais.
A União Uberabense, ao longo de mais de meio século conquistou renome sem precedentes e foi ce-
leiro dos maiores regentes e mais destacados músicos e compositores uberabenses.
A Santa Cecília surgiu em julho de 1904, a partir de uma dissidência dentro da corporação União Ubera-
bense, liderada pelo maestro Abdias Ribeiro dos Santos, por desavenças de cunho político (Pacholas x Araras).
Em 1909 foi inaugurado o segundo jardim público na Praça
Comendador Quintino com um bem cuidado jardim, mas só em
Superintendência do Arquivo Público de Uberaba um excelente contraponto com o da Praça da Matriz. Os jardins
1934 foi construído seu coreto. A partir daí, esse novo jardim fez
públicos eram locais onde as nossas bandas tocavam e propor-
cionavam deliciosas retretas às famílias uberabenses. Foram elas
as responsáveis pela divulgação de um número surpreendente de
composições de autores uberabenses. Os gêneros mais tocados
eram: dobrados, valsas, marchas, mazurcas, polcas, maxixes, haba-
neras, sambas, tangos e foxtrotes.
Em 23 de novembro de 1909 Uberaba comemorou a che-
gada do 4º Batalhão da Brigada Militar de Minas Gerais. Junto com
ela veio uma Banda de Cornetas com doze instrumentistas, sob a
regência do sargento Leopoldo Tavares da Silva, que se tornaria o
embrião da futura Banda do 4º Batalhão (1929), que se mantém
atuante até os dias de hoje.
Na segunda década do século XX o cinema mudo passou
a ser a diversão preferida dos uberabenses. A cidade dispunha de
quatro cinemas, todos com salas lotadas. Às 6 horas da tarde tilinta-
Abdias Ribeiro dos Santos
vam as campainhas nas fachadas dos cinemas, anunciando o início
das sessões, fazendo o povo correr para essas casas de diversão. Todas elas contratavam suas orquestras,
indispensáveis ao tempo do cinema mudo: Cinema Triângulo, Uberaba Cinema, São Luís, Polytheama.
As duas grandes corporações musicais, “União Uberabense” e “Santa Cecília”, foram extintas em 13 de
fevereiro de 1911 por desgosto de seus diretores com a municipalidade, logo após a comemoração do pri-
meiro centenário de Uberaba, no dia 13 de fevereiro. Foi o último grande tributo prestado por ambas as cor-
porações à sua amada Uberaba. Não ficou, porém, um vazio no setor musical da cidade, porque quase todos
os integrantes das duas bandas dissolvidas dividiram-se em dois grupos e fundaram duas novas filarmônicas,
com as denominações: União Carlos Gomes, sob a regência dos irmãos Benedicto e Elviro do Nascimento;
e Ítalo-Brasileira, sob a batuta do maestro Rigoletto di Martino. As duas bandas tiveram intensa participação na
vida musical da cidade ao longo de toda a segunda década do século XX.
Paralelamente, a banda do 4º Batalhão, sob a regência de Leopoldo, crescia gradativamente em qua-
lidade. Desde 1911, o projeto Música no Jardim”, aos domingos, passou a contar apenas com a banda do
Batalhão, pois não houve contrato por parte da municipalidade com nenhuma das bandas locais.
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