Page 663 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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As confeitarias também passaram a investir em pequenas orquestras formadas por músicos remanes-
               centes das bandas: Confeitaria El-Dorado, Confeitaria Taco de Ouro, Confeitaria Central e Confeitaria do
               Grêmio Recreativo (Confeitaria Rocha & Comp.)
                     O repertório das orquestras e bandas musicais era, majoritariamente, de autores uberabenses: Antonio
               Cesário da Silva e Oliveira (filho), Renato Frateschi, Elviro do Nascimento, João Villaça Junior, Loreto Conti,
               Rigoleto di Martino, Eloy Bernardes Ferreira, Benedicto do Nascimento, Walmor Camparini, Francisco Cabral,
               Antenógenes Magalhães, Osório Maia, Joubert de Carvalho e Sebastião Braz.
                      Em 20 de abril de 1919 foi reinaugurado o Jardim Público da Praça Afonso Pena (hoje Rui Barbosa),
               todo repaginado, com farta iluminação e distinta ornamentação.

                     Na segunda década do século XX Uberaba era considerada a terceira cidade de Minas Gerais. No en-
               tanto, nesse período a cidade se ressentiu dos graves problemas que o mundo atravessava: a Primeira Grande
               Guerra Mundial (1914/1918), seguida de um surto avassalador da gripe espanhola (1918/1919).
                     Ao fim da primeira década, alguns dos mais legítimos representantes da “aristocracia do zebu” transferi-
               ram residência para São Paulo, com suas respectivas famílias. Em Uberaba houve desemprego e escassez de
               dinheiro em circulação. No período da gripe espanhola as pessoas evitavam sair às ruas e frequentar locais
               públicos fechados. Os jornais estampavam o desespero dos empresários do ramo de diversões: “O nosso pú-
               blico se encolheu, sumiu, não existe mais. Isso é um mau sintoma para Uberaba! Só nos resta chorar antigas
               glórias, hoje submersas na saudade...”.

                     A Banda Ítalo-Brasileira foi contratada pela municipalidade nos anos 1921 e 1923. Dois anos memorá-
               veis, seguidos por um longo período de total estagnação. Aliás, 1923 foi o melhor momento dos anos 20, pois
               assinalou a visita do renomado violonista Americo Jacomino, cognominado Canhoto, que esteve pela primei-
               ra vez em Uberaba para uma série de três concertos. Nesse mesmo ano Joubert de Carvalho, aos 22 anos,
               triunfou no Rio de Janeiro e no exterior (Buenos Aires e Paris). Seu fox-trot “Príncipe” atingiu a 116  edição,
                                                                                                                a
               somando-se a outros grandes sucessos. Diversas composições suas eam tocadas nos programas executados
               pela Banda Ítalo-Brasileira, sob a regência de Rigoletto di Martino, e na Confeitaria Central, pela orquestra do
               maestro Villaça Júnior.

                     Também havia música na Confeitaria Central, com participação do Jazz Villaça Júnior, e na Confeitaria
               El-Dorado, com animação do jazz El-Dorado, a cargo de João Chrysóstomo, o Baiano. Mais adiante, o Jo-
               ckey Club contratou o Jazz-band de D. Graziela Lopes (1926) e, no ano seguinte, o Jazz do Jockey passou a
               ser dirigido pelo músico italiano, radicado em Uberaba, Theobaldo Bossini.

                     Os cinemas mais tradicionais da cidade, Triângulo e Polytheama, cerraram suas portas. Em 1928, a Em-
               presa Damiani, Bossini & Cia inaugurou duas novas casas de diversão: os cine-teatros Alhambra e Capitolio,
               sinalizando novos tempos.
                     O cenário artístico em Uberaba só começou a evoluir no início da década de trinta, do século passado,
               com a inauguração do Cine-Teatro São Luís, em 1931, na Praça Rui Barbosa e da Rádio Sociedade Triângulo
               Mineiro, com o prefixo PRE-5, em 1933, que abriu espaço para a apresentação de músicos e cantores, ama-
               dores e profissionais. Essa emissora tornou-se a terceira do estado de Minas Gerais e a quarta do País a entrar
               em funcionamento.
                     O cine Metrópole foi inaugurado em 12 de fevereiro de 1941 e era uma obra monumental para a época.
               Ocupava o nível térreo de um prédio de 10 andares, onde foi instalado o Grande Hotel de Uberaba, primeiro
               arranha-céu do Triângulo Mineiro. Pertencia à Empresa São Luiz Ltda., cujo diretor-presidente era o Orlando
               Rodrigues da Cunha. Situado na avenida Leopoldino de Oliveira, tornou-se símbolo de progresso e moder-
               nidade.
                     As sessões do cinema Metrópole, nas tardes de domingo, eram antecedidas por um mini-baile, carinho-
               samente chamado de Matinê Dançante. Essas matinês, que se tornariam a coqueluche da cidade, tiveram




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