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casa onde residia, havia o Cine Royal . Ele tinha o costume de ir até lá para
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                   ver os cartazes de propaganda localizados na entrada do salão. Em certa oca-
                   sião, enquanto olhava distraído um dos cartazes, alguém o agarrou brutal-

                   mente pelo braço e o atirou no meio da rua gritando: “Atrapaiano os otro, seo
                   moleque safado”. Aterrorizado, viu que se tratava de um soldado, de farda, boné

                   e polainas. Por isso, machucou os joelhos e as palmas das mãos e correu para sua
                   casa, chorando, com medo. Depois disso, outro fato ocorrido na fazenda perma-
                   neceu vivo em suas lembranças onde passou a infância: alguns soldados prende-

                   ram um trabalhador em suas vizinhanças. Devido à truculência policial, o homem
                   sofreu uma violenta agressão. De acordo com ele, esses fatos criaram um trauma
                   de soldados:



                          Tinha pavor deles, para mim eram todos iguais, uns bandidos violentos sem piedade

                          dos indefesos. Nunca me livrei do trauma. Muitos anos mais tarde, quando me tornei
                          professor na Faculdade de Filosofia, fui professor de muitos deles. Eram diferentes,

                          educados e estudiosos. Mesmo quando fui detido e levado para o Quartel, acusado
                          de comunista, eles me trataram bem. Não me torturaram fisicamente, apenas
                          psicologicamente. Eram outros!




































                   3    O prédio do Cine Royal existe até hoje, situado em frente ao Grupo Brasil, na Praça Comendador
                   Quintino.

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