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Boa mestra nos vos abençoamos          repolho, chicória, batata-doce, inha-
                      E genuflexos nós vos glorificamos.     me, cará, mandioca, ora-pro-nobis ,
                                                                                                    2
                                                             chuchu, abóbora, moranga, pimentão
                   Rotina na fazenda                         e salsa. Ela não os deixava sem hortali-

                                                             ça. Ao meio-dia havia café com biscoi-

                   A vida na fazenda começava muito          tos de polvilho ou broa, bolo, brevida-
               cedo. Seu pai o tirava da cama aper-          de, rosca e pão caseiro. Às três horas
               tando o ‘dedão’ do pé. Era o jeito dele       era o jantar. Sopa todos os dias e pão.

               de fazer carinho. Todos os dias era o         Quando não havia visitas, comiam na
               mesmo ritual.  Às seis da manhã  já           cozinha. Retiravam a comida direta-
               estavam de pé. Seu pai saia para a la-        mente das panelas.

               voura com os camaradas, como eram                Não insistiam muito para se ali-
               conhecidos os peões naquela época.            mentarem de frutas, pois devido à far-
               Enquanto Ondina e Thomaz iam à es-            tura, goiabas e mamões amadureciam

               cola, Stella, Lurdica, Hugo e Vicente         e eram comidos pelos passarinhos. Um
               permaneciam em casa. O café da ma-            imenso pomar produzia uma imensi-

               nhã era um grande copo de leite toma-         dade de frutas: muitas mangas, laran-
               do no curral, tirado na hora, quente          jas e mexericas, jambos, jabuticabas,
               e espumoso. Explicaram-lhe que assim          pêssegos, figos, caquis, tâmaras, ca-

               era mais sadio. O leite era adocicado         jus, tamarindo, cajá mangas, amoras,
               com açúcar mascavo e, às vezes, com           abacaxis, jenipapos, sapotis, nêsperas,

               um pouco de conhaque. Junto, alguns           uvas e grumixamas. Além dessas, havia
               biscoitos de polvilho, broas e pão ca-        as frutas do campo ou do mato: ba-
               seiro.                                        copari, mama-cadela, guapevas, abios,

                                                             araçás, corriolas, pitangas, gabirobas,
                             Fartura                         cagaiteiras e outras. Em relação aos

                                                             doces, Padre Prata afirma que sua mãe

                   Almoçavam as nove horas da ma-            era inigualável, sendo que, em toda a
               nhã. Todos os dias comiam feijão, ar-
               roz e carne, temperados na banha de           2     E�  um  vegetal  rico  em ferro, ajuda  a  curar
                                                             anemias das mais graves. Usam-se as folhas frescas
               porco. Carne de vaca, de porco ou de          ou secas e moí�das na forma de pó. Também usada
               frango.  Peixe  nunca,  pois não  havia.      no preparo  da farinha  múltipla,  complemento
                                                             nutricional no combate à fome. Segundo tradições
               Todos os dias havia verduras. Quita a         populares, o nome teria sido criado por pessoas
               mãe, plantava de tudo: alface, couve,         que colhiam a  planta  no quintal de um padre,
                                                             enquanto ele rezava em latim:  Ora pro nobis.

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