Page 263 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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quilômetros para o sul. Aí uma epidemia climática de novo gênero, a paralisia reflexa,
ou beribéri, acabrunhou-a, dizimando-a ainda mais. Dois anos quase haviam decorrido,
desde a nossa partida do Rio de Janeiro. Lentamente descrevêramos imenso circuito
de dois mil cento e doze quilômetros. E já um terço de nossa gente perecera.
TAUNAY, Alfredo D’Escragnolle Taunay, Visconde de. A retirada da Laguna -
Episódio da Guerra do Paraguai. São Paulo: Ediouro. Cap.1
José Maria dos Reis Júnior, artista plástico uberabense, por encomenda da Câmara Municipal de Ube-
raba, em 1922, pintou um quadro que retratou a “Retirada da Laguna”, inspirado na obra de mesmo nome, de
visconde de Taunay. Referencia um fato histórico da Guerra do Paraguai, onde uma coluna de soldados mar-
chou a pé de Uberaba até a cidade de Miranda, no Mato Grosso, com o objetivo de defender o território
brasileiro invadido pelo Paraguai. Enfrentaram doenças, fome e exaustão e, com tristeza, se retiraram do
campo de batalha. Essa obra, por iniciativa de Tony Carlos, na época presidente da Câmara Municipal de
Uberaba, foi devidamente restaurada e está em exposição permanente no saguão da Casa Legislativa, na
Praça Rui Barbosa.
Óleo sobre tela de 1919 - “A Retirada da Laguna” Pintor: José Maria dos Reis Júnior
A Guerra do Paraguai continuava e em 11 de junho de 1865 às margens do arroio Riachuelo, um aflueno-
te do rio Paraguai, na província de Corrientes, na Argentina travou-se a Batalha Naval do Riachuelo, onde
o Brasil, a Argentina e Uruguai, que formavam a Tríplice Aliança, conseguiram, em 1865, destruir o poderio
naval paraguaio, tornando-se impossível a permanência dos paraguaios em território argentino. A batalha
praticamente decidiu a guerra em favor dos três países, que passaram a controlar, a partir de então, os rios da
bacia Platina até a entrada do Paraguai. Essa é considerada pelos historiadores militares como uma das mais
importantes batalhas da Guerra do Paraguai.
A guerra terminou somente em 1º de março de 1870, na Batalha em Cerro Corá, quando Solano López
foi intimado a render-se e teria gritado “Muero con mi Patria!” e avançando a cavalo em direção às tropas
brasileiras, foi atingido na virilha pelo lanceiro brasileiro Chico Diabo, e na testa, pelo sabre de outro soldado
brasileiro. Socorrido por dois de seus oficiais, López tentou atravessar o riacho Aquidabã, mas não conseguiu,
pois perdeu muito sangue. No chão foi novamente intimado a render-se e, com a segunda negativa, manda-
ram desarmá-lo, ao que ele impôs fraca resistência e levou um tiro pelas costas, morrendo.
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