Page 254 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Paraguai não era formada por soldados profissionais, mas pelos chamados “Voluntários da Pátria”, cidadãos
que se apresentavam para lutar. Muitos eram escravos pertencentes a fazendeiros e enviados à guerra. A ca-
valaria era formada pela Guarda Nacional do Rio Grande do Sul.
Diante disso, em 1865 foi proclamado pelo governador Saldanha Marinho e pelo bispo de Mariana,
Dom Antônio Ferreira Viçosa, a importância de recrutar um corpo de voluntários para compor o “Batalhão de
Voluntários da Pátria”. Formou-se, assim, a Brigada Mineira, sob o comando do cel. José Antônio da Fonseca
Galvão, constituída do 17º Corpo de Voluntários da Pátria, do Corpo Policial de Voluntários e do Corpo Fixo
do Exército.
A Brigada Mineira saiu de Ouro Preto, rumo a Uberaba em 10 de maio de 1865, quando se uniu à colu-
na paulista que era comandada pelo Coronel Manuel Pedro Drago, o 17º Corpo de Voluntários da Pátria era
comandado pelo tenente coronel Antônio Enéas da Fonseca Galvão, alcunhado de “Pastorinha”, e o Corpo
Policial de Voluntários pelo capitão Izidoro Pio Pereira.
O Corpo Policial de Minas participou ao lado das tropas do Império, na Guerra do Paraguai, conforme
citação do historiador Francis Albert Cota no livro Breve História de Minas:
Em 1865, a tropa de Minas, ao lado das suas co-irmãs do Império Brasileiro, tomou
parte na Guerra do Paraguai, com a denominação de Brigada Mineira; partiu no dia
10 de maio de 1865. Enfrentando a Retirada da laguna, os mineiros, com minguado
remanescente, sobreviveram à dramática travessia de Chaco e ainda se recompuseram
e tomaram parte na queda de Assunção. (COTTA, 2014, p. 116)
O escritor André Carvalho e o historiador Waldemar Barbosa enfatizaram a participação dos mineiros
nas lutas e na Guerra do Paraguai:
Mas os mineiros não estavam presentes apenas nas lutas políticas ou nos conflitos
internos, como a Revolução Liberal de 1842: quando começou a Guerra do Paraguai,
cerca de seis mil mineiros apresentaram-se como voluntários e foram para o campo
de batalha.
Um desses batalhões, depois de marchar cerca de 600 quilômetros a pé, de Ouro Preto
até Uberaba juntou-se às tropas vindas de São Paulo e de outras cidades mineiras, dali
seguindo com destino ao Paraguai.
Vitimados pela cólera e outras doenças graves, os soldados foram obrigados a se retirar,
regressando ao Brasil com grandes sacrifícios. Este episódio triste, conhecido como a
Retirada da Laguna, foi descrito pelo Visconde de Taunay, e até hoje a bandeira dos
voluntários mineiros encontra-se no Museu da Polícia Militar de Minas Gerais.
CARVALHO E BARBOSA. Breve História de Minas Gerais. Belo Horizonte, Editora
Lê. 5ª edição, 1997. p. 69 e 70
Uberaba se destacou como ponto estratégico no cenário político nacional e um dos principais centros
de confluência das tropas militares que compuseram o Corpo Expedicionário, com destino ao Paraguai. Um
dos membros do grupo foi o visconde de Taunay, que havia sido convocado para a guerra como engenhei-
ro, para registrar, em um diário, as passagens vividas pela guerra e o sofrimento dos soldados. O registro se
transformou em um livro intitulado A Retirada da Laguna, sendo publicado em 1868.
As primeiras tropas chegaram a Uberaba em 20 de junho de 1865 com um contingente de aproxima-
damente mil soldados do Corpo da Polícia e do 17º Batalhão de Voluntários Mineiros. Também a Província
de São Paulo enviou aproximadamente dois mil soldados. Posteriormente, outras tropas vieram de diversas
partes, perfazendo um total de quatro mil soldados. Ficaram aquarteladas de 18 de julho até 4 de setembro
à margem esquerda do pequeno córrego do Cachimbo, no bairro do Fabrício, em Uberaba. A tropa era
denominada de Coluna Drago, mas ficou popularmente conhecida como “Brigadas”. Os comandantes e
oficiais ao chegarem a Uberaba em 1865 ocuparam as salas e cômodos do edifício da Câmara Municipal de
Uberaba, situada na Praça Rui Barbosa. As tropas acamparam no Alto do Fabrício, lugar conhecido à época
como Cachimbo, área descampada e sem moradias, precisamente onde hoje é a Vila São José, próxima ao
4º Batalhão de Uberaba. As munições foram guardadas nos acampamentos do Cachimbo.
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