Page 224 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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As casas, de acordo com a legislação do período, deveriam ser construídas respeitando o alinhamento
            da ruas e das calçadas públicas. Entretanto, alguns proprietários edificaram os seus imóveis sobre regos ou
            nascentes. Depois de cercar a propriedade, erguiam muros por onde faziam passar encanamentos com re-
            gistros, para fornecimento de água. Cobravam para isso. Dessa forma, a distribuição regular da água era feita
            por meio de fornecedores particulares. Nas nascentes públicas, a Câmara também instalava registros em que
            era contabilizada a venda da água. A legislação permitia isso, conforme podemos observar pelo Código de
            Posturas aprovado em 1867:


                                                        § 3° ao titulo 1°
                                             Águas Potáveis
                                             Artigo 30° Todos os proprietários que tiverem partes nos diferentes regos que
                                        conduzem agua para o interior da cidade são obrigados ao encanamento da parte
                                        do rego que lhes tocarem, penas de trinta mil réis de multa na falta de execução e o
                                        dobro na reincidência. Para impos a multa desse artigo deverá ter tido aviso prévio ao
                                        proprietário, cujo aviso deverá proceder de trinta dias a imposição da multa; (...)
                                             Artigo 33° nos lados do encanamento se abrirá registros, que os proprietarios não
                                        poderão aumentar, a Camara marcará a largura dos registros, e quantidade de agua
                                        que puder tocar a cada um proprietário, tendo sempre em vista respeitar o direito de
                                        propriedade já adquirido;
                                             Artigo 34° os registros serão inspecionados todos os meses, e aqueles que
                                        tiverem alargados serão punidos com multa de dez mil réis, e no caso de reincidencia,
                                        com o dobro e obrigado a estabelecer o registro a sua custa;
                                             Artigo 35° a Camara fica obrigada ao encanamento das aguas que não forem de
                                        propriedade particular, e poderá vender os aneis d’agua aqueles que pretenderem [...]
                                                              Atas da Câmara Municipal de Uberaba, nº 1, Ano 1867. p 272v; 273
                                                                     Acervo: Superintendência do Arquivo Público de Uberaba


                  A população de Uberaba também utilizava, no século XIX, a água dos córregos que atravessavam a ci-
            dade, situação sobre a qual versaram diversos decretos dos vereadores tentando evitar a sua contaminação,
            ou ao menos minimizar os efeitos que a presença humana normalmente traz sobre a natureza. Apesar do
            esforço da legislação, muitos moradores despejavam o esgoto doméstico diretamente nos córregos, por
            meio de canos.

                  O presidente da Câmara dos Ve-
            readores  de  Uberaba,  Gabriel  Junqueira,
            contratou o engenheiro Dr. Ataliba Valle,
            da Escola Politécnica de São Paulo, para                                                                  Superintendência do Arquivo Público de Uberaba
            realizar um levantamento sobre as condi-
            ções sanitárias da cidade. Depois de uma
            série de pesquisas, o professor chegou à
            seguinte conclusão: “As águas que atra-
            vessam a cidade não são puras pois os
            córregos  eram habitados  até os  pontos
            mais altos da cidade, recebendo todos
            os despejos das casas, além da linha que
            limita a bacia ser percorrida por estradas
            de rodagem, que com as chuvas levavam
            os detritos para os córregos.” (RELATÓRIO
            DE ATALIBA VALLE. 1898.)
                                                           Cópia do relatório do engenheiro Ataliva Valle, referente às redes de água e
                                                                                 esgoto. Ano 1898





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