Page 220 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
P. 220
Em 1807, Antônio Estáquio mudou-se de Ouro Preto para Desemboque. Nesta localidade, foi nomea-
do, em 1809, comandante regente dos sertões da Farinha Podre, pelo marquês de São João da Palma, então
governador da capitania de Goiás. Em 1820, Antônio Estáquio da Silva e Oliveira foi promovido ao posto de
sargento-mor, equivalente ao de major.
Major Eustáquio, como passou a ser conhecido, é considerado o fundador de Uberaba, tendo se es-
tabelecido na região a partir de bandeiras e da abertura de estradas por ele organizadas. Credita-se ao major
Estáquio a construção da primeira residência de Uberaba, a Chácara Boa Vista, local onde o major faleceu em
1832. Major Eustáquio foi casado com dona Antônia Angélica de Jesus. Desse casamento não teve filhos. No
entanto, major Estáquio teve três filhos naturais. Pela análise do seu inventário no Arquivo Público de Uberaba
(APU) constata-se que Antônio Estáquio teve vários bens, dentre eles, a posse de 31 escravos.
Passemos, sem demora, a tratar de outro membro das elites dirigentes de Uberaba, Antônio Elói Cassi-
miro de Araújo, o barão de Ponte Alta.
Sobre o barão de Ponte de Alta, as informações que temos
Superintendência do Arquivo Público de Uberaba ceu em Portugal e veio para Uberaba em 1847, para atuar no co-
disponíveis são fornecidas por Antônio Borges Sampaio. Este nas-
mércio de sal. Exerceu vários cargos públicos. Foi delegado de po-
lícia, promotor público, farmacêutico, vereador e oficial da Guarda
Nacional. Era cunhado do barão de Ponte Alta e, como político,
filiado ao Partido Liberal. Foi ainda correspondente do Instituto His-
tórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Arquivo Público Mineiro
(APM), escrevendo vários artigos sobre a história de Uberaba e do
Sertão da Farinha Podre, sendo um dos primeiros historiadores da
região (RISCHITELI, 2005).
De acordo com Sampaio, Antônio Elói Cassimiro de Araújo
nasceu em Desemboque, em 1816. Era filho natural de dona Ludo-
vina Clara dos Santos (SAMPAIO, 1971, p. 267). É digno de nota que
Antônio Borges Sampaio não mencionou quem foi o pai de Araújo.
Antônio Elói Cassimiro de Araújo, o barão No entanto, o pai deste foi o cônego Hermógenes Cassimiro de
de Ponte Alta. Fotografia a partir de retrato Araújo Brunswick. Este, por sua vez, foi um importante líder polí-
publicado por Antônio Borges Sampaio.
(LUZ, 2008, p. 84) tico local no Sertão da Farinha Podre. Rico fazendeiro, com con-
siderável influência política e religiosa (DOMINGOS, 2007). Talvez
Sampaio tenha omitido essa informação por questões políticas e, consequentemente, familiares, uma vez
que Antônio Borges Sampaio era cunhado de Antônio Araújo e, igualmente, genro do cônego Hermógenes.
Antônio Elói Cassimiro de Araújo casou-se, em 1840, com Marcelina Florinda da Silva e Oliveira. Deste
casamento teve 10 filhos. Esta era filha do tenente Joaquim da Silva e Oliveira, cujo dote dado a Araújo foi par-
te de uma grande sesmaria. Em 1863, sua esposa veio a falecer e Antônio Araújo casou-se novamente com
Francisca Augusta de Oliveira. Do segundo matrimônio teve 9 filhos (LUZ, 2008, p. 82). Interessante destacar
que pela análise do inventário da primeira esposa, Marcelina Oliveira, sob a guarda do APU, observa-se a posse
de trinta e três escravizados. Portanto, conforme dito anteriormente, Araújo era um membro de destaque da
elite no Sertão da Farinha Podre, na medida em que possuía terras e escravizados, juntamente com o major
Eustáquio.
Além de terras e escravizados, Antônio Araújo foi comerciante e dono de armazéns de comércio de sal,
produto bastante consumido na região por causa da criação de gado. “Sua fazenda localizava-se a meia légua
distante do rio Grande e quatro léguas da vila de Uberaba” (LUZ, 2008, p. 82). Além do comércio do sal, Araújo
exerceu, em Uberaba, vários cargos e funções. Foi oficial da Guarda Nacional, sendo eleito alferes em 1832.
Foi nomeado tenente-coronel, chefe do estado maior, em 1858. Em 1865, foi nomeado coronel comandante
superior da milícia dos municípios de Uberaba e Prata (SAMPAIO, 1971, p. 270).
218