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UBERABA PRÉ-COLONIAL:
CENÁRIOS ARQUEOLÓGICOS - OLHANDO O
PASSADO COM OS “ÓCULOS” DA ARQUEOLOGIA
Robson Rodrigues
Quando olhamos para trás e imaginamos o passado sempre vem a nossa mente como teria sido a vida
e o cotidiano dos nossos antepassados em diferentes tempos históricos. Esse pensar o passado sempre gera
grande curiosidade e provoca certa inquietação nas pessoas mais interessadas nessa temática. O interessan-
te, porém, é saber que foi dessa curiosidade e dessa inquietação que se desenvolveu a ciência arqueológica.
Mas aí podemos nos perguntar: O que é Arqueologia?
Enquanto área do conhecimento, a Arqueologia pode ser definida como uma ciência que estuda as
representações da vida humana e seus modos de realizar a constituição de suas diversas organizações sociais
em tempos e espaços diferenciados. Esse estudo se dá a partir dos objetos, como parte da cultura material e
imaterial, visando à compreensão da dinâmica, do funcionamento e das transformações dessas sociedades
na busca de correlações entre o ser humano e o meio ambiente, ou seja, o estudo da materialidade apro-
priada pelas sociedades humanas (FUNARI, 2003). Esse processo se dá por meio de uma abordagem inter-
disciplinar para explicar a complexidade das sociedades estudadas. Isto é, na medida em que seus objetos se
referem às sociedades humanas, a Arqueologia compartilha com outras ciências sociais e naturais, como a
História, a Antropologia, a Geografia, a Geologia, etc, a necessidade de uma abordagem mais ampla para suas
análises e interpretações socioculturais.
Nesse aspecto, podemos afirmar que o objeto de estudo da Arqueologia são “as coisas”, em particular
os objetos (artefatos) criados pelo trabalho humano em sua relação com o meio ambiente, e que constituem
“os fatos” arqueológicos reconstituíveis pelo trabalho de escavação no ambiente natural, realizado a partir da
pesquisa arqueológica desenvolvida por seus profissionais.
Enquanto ciência, a Arqueologia é, antes de tudo, uma forma de olhar o passado das populações hu-
manas, e esse olhar é um reflexo ou produto de seu próprio tempo como resultado da natureza dinâmica e
teórica que a disciplina possui. Trata-se de uma leitura, um tipo particular de leitura, na medida em que seu
texto não é composto por palavras, mas por artefatos, em geral mutilados e deslocados do seu local de uti-
lização, e que apresentam em suas substâncias essenciais, uma gama de elementos para a compreensão de
seus fluxos dinâmicos e a construção de interpretações a respeito dos diferentes modos da vida (INGOLD,
2015).
O CONTEXTO ARQUEOLÓGICO DE UBERABA E SUA REGIÃO
Quando regulamos o foco de nosso olhar para uma determinada região do território brasileiro percebe-
mos que o passado é constituído por uma grande diversidade de organizações ou grupos sociais. De modo
particular, quando observamos a história percebemos um grupo específico: as populações indígenas. Essa
particularidade cria uma situação privilegiada de pesquisa e aprendizado para a Arqueologia brasileira. Novos
temas de interesse se associam com as possibilidades de descobertas científicas a respeito de questões mais
amplas sobre a compreensão do passado humano, principalmente a dinâmica e o funcionamento da cultura,
a partir da interrelação entre a construção simbólica e a materialidade dos aspectos socioculturais das socie-
dades ameríndias.
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