Page 94 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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da cidade, no leito do córrego da Saudade, nos fundos do Condomínio Villaggio de Fiori, próximo à Avenida
            Santana Borges. Único mamífero de Uberaba descoberto até a presente data foi resgatado em sedimentos
            inconsolidados cuja idade não deve ultrapassar 20.000 anos.


            A PALEONTOLOGIA: HISTÓRICO, RELEVÂNCIA E PROJETOS EM
            DESENVOLVIMENTO

                  O município de Uberaba tem se revelado como uma das principais localidades fossilíferas do País.
            Atualmente há mais de 30 localidades conhecidas com achados paleontológicos, sobretudo de vertebrados.
            Ainda que as primeiras descobertas tenham ocorrido
            na localidade de Mangabeira, ao norte da cidade de
            Uberaba, no ano de 1945, foi em Peirópolis, situado
            20 quilômetros a leste da cidade, que a paleontologia
            ganhou sua expressão maior. A história, o desenvol-
            vimento e a relevância dos estudos no município, es-
            tão intimamente associados primordialmente às ativi-
            dades de mineração do calcário, para sua produção,
            por volta do ano de 1900. Nos tempos áureos, entre
            as décadas de 1920 e 1970, o povoado chegou a ter
            mais de 600 moradores e a ferrovia era o fio condu-
            tor do desenvolvimento, movimentando produtos,
            pessoas e integrando Peirópolis a cidades maiores.
            O declínio da produção agrícola, a desativação das
            caieiras e o desmantelamento da ferrovia na década
            de 1980, geraram o colapso da economia e logo o
            bairro se viu esvaziado após o êxodo de grande parte
            dos moradores para outras localidades. A redenção
            de Peirópolis, e por que não dizer, a sua própria exis-
            tência, deve-se às pesquisas iniciadas pelo paleon-
            tólogo Llewellyn Ivor Price, em 1946. O pesquisador
            trabalhou anualmente na região, até 1974, em diver-
            sos sítios, sendo os exemplares coletados levados
            para o Rio de Janeiro e depositados atualmente no
            Museu de Ciências da Terra (MCT – Serviço Geológi-
            co do Brasil - CPRM) à época Departamento Nacio-
            nal de Produção Mineral (DNPM), hoje pertencente          Llewellyn Ivor Price com um fóssil de dinossauro carnívoro
            ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
                  Suas escavações revelaram centenas de exemplares, e os estudos da época resultaram na descrição de
            diversas espécies. Price publicou o primeiro ovo fóssil de dinossauro da América do Sul em 1951, assim como
            crocodiliformes e lagartos, dentre outros grupos singulares do registro brasileiro. Desfrutou de grande prestí-
            gio científico, tendo alçado o nome de Uberaba em nível mundial em face das suas criteriosas descrições
            jamais revisadas e questionadas, assim como publicações de novos táxons, inclusive na mais renomada revis-
            ta mundial, a Science. Deixou um legado já que seus achados, ainda hoje são estudados por pesquisadores,
            o que tem propiciado a identificação de novas espécies de forma sistêmica, e, com certeza, do material co-
            letado por ele, ainda teremos grandes e boas surpresas para a ciência paleontológica nacional e mundial. Em
            1992, graças a uma ação conjunta e exaustivo empenho e determinação da comunidade de Peirópolis,
            DNPM, ativistas apaixonados pela causa e a Prefeitura de Uberaba, foi possível retomar as pesquisas paralisa-
            das em 1974, por meio da inauguração do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP)
            e o Museu dos Dinossauros (MD). Teve início um novo ciclo de desenvolvimento da paleontologia regional:



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