Page 133 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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DENOMINAÇÃO “UBERABA”


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                                                                                Marta Zednik de Casanova



                     O primeiro nome que Uberaba recebeu foi Arraial da Farinha Podre. O ex-presidente da Câmara de Ube-
               raba, Antônio Borges Sampaio, em artigo publicado na Revista de Uberaba, em 1904, afirmou que os bandei-
               rantes deixavam provisões sob as árvores para penetrar no sertão e, no regresso, as encontravam estragadas.
               Provavelmente, esta tenha sido a explicação incial para a designação que se tornou usual pela população:
               Farinha Podre.

                     Contudo, alguns historiadores ponderam que há uma outra vertente: trata-se da semelhança geográfi-
               ca entre o sertão e uma terra portuguesa já conhecida pelo nome Farinha Podre. Independente de qual teoria
               é a mais correta, toda essa região ficou conhecida durante muito tempo como Sertão da Farinha Podre no
               século XIX.

                     E o termo Uberaba? Como surgiu?
                     Há quatro hipóteses para essa denominação.


                       (1) A primeira hipótese refere-se à pesquisa feita pelo memoralista de Uberaba, Edelwais Teixeira. Ana-
                 lisando as cartas de sesmarias de 1816 a 1818, identificou a grafia: Jaoverava. Segundo Teixeira, na língua
                 Kaiapó, o termo “oba” significa folha e “jaó” fruta. Portanto, designando uma fruta que era muito comum na
                 região (TEIXEIRA. P. 90).


                       (2) A segunda é de Aires Casal, que distinguiu Uberaba falso de Uberaba legítimo depois de ler dois
                 documentos do começo do século XIX. Na carta de sesmaria do capitão José Joaquim Carneiro, de 1820,
                 lê-se claramente: “nas margens do rio Jaoberaba-Legitimo”. Na carta geográfica que acompanha o trabalho
                 do General Cunha Matos, encontramos o termo Uberaba Falso grafado da seguinte maneira: UBERA-VA.
                 Aires Casal denomina Uberaba legítima de rio Uberabinha, cuja nascente é o rio Paranaíba, e o rio Uberaba
                 Falso, de rio Uberaba. Por isso, a palavra falso corresponde a diferente, ou seja, originários de bacias dife-
                 rentes.

                       (3) De autor desconhecido, o termo “uber” referia-se à fertilidade do solo, enquanto que “aba” é o
                 nome de um monte da Absínia (Etiópia). Portanto, a denominação seria dada pelos escravos e não por
                 índios.


                       (4) Para Hildebrando Pontes, a palavra Uberaba é de origem guarani. Deriva-se do verbo “beraba”, in-
                 transitivo, que significa resplandecer, cintilar, fulgir, brilhar e “Y” - água. Assim se forma a palavra berab-y, ou
                 melhor, y-beraba, isto é, água que brilha, “água brilhante”. (PONTES. P.3)

                     Em vários documentos oficiais a palavra Uberaba se vê com as seguintes grafias: Iverava, Iberaba, Ibara-
               ba, Beraba, Peraba, Verava (1818), Uveraba, Overava, Overaí e Uberaba.

                     Quando formou-se o núcleo populacional inicial da cidade, na região onde se encontra o bairro de
               Santa Rosa, erigiu-se uma capela com os oragos de Santo Antônio e São Sebastião.
                     No início do século XIX, acompanhando major Eustáquio, os primeiros habitantes de Santa Rosa trans-
               feriram-se para a região do Córrego das Lages, onde se encontra a cidade de Uberaba atualmente. Em 1820,
               o Arraial da Farinha Podre tornou-se Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, por um decreto
               imperial assinado por Dom João VI, sendo submetido ao Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desem-
               boque.



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