Page 130 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
P. 130
Em 1836, a Câmara Municipal de Araxá propôs ao governo da província de Minas Gerais a dispersão dos
indígenas que se encontravam entre os rios Paranaíba e das Velhas (BARBOSA, 1971). Esse processo de con-
centração e expulsão de indígenas de determinadas áreas, no caso do Sertão da Farinha Podre para a criação
de fazendas que se dedicavam à agropecuária, foi uma das marcas da legislação indigenista no século XIX,
quando membros da elite local, com medidas antiindígenas atuavam em “função apenas da maior ou menor
centralização política do momento, e a desenvoltura do poder local aumenta[va] na razão direta da distância
da Corte (CUNHA, 1992, p. 134).
Expulsos, já que fazendas foram constituídas em áreas de aldeamentos e sítios indígenas, ainda faltam
pesquisas que demonstrem qual foi o destino desses indígenas: foram dizimados? Se deslocaram para ou-
tras regiões? Conseguiram se inserir na economia do antigo Sertão da Farinha Podre? Um fato recorrente na
memória dos habitantes do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba é a presença daquela avó ou bisavó que se
considerava indígena. Seriam descendentes daqueles aldeados? Assim, não encerro este capítulo com um
ponto final, mas com reticências; afinal, essa história ainda precisa ser (re)escrita...
128