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BANDEIRAS E AS PRIMEIRAS
INVESTIDAS DO COLONIZADOR
BRANCO NA REGIÃO DO TRIÂNGULO
MINEIRO
Luiz Henrique Caetano Cellurale
Marta Zednik de Casanova
As expedições bandeirantes tinham como objetivo aprisionar índios e encontrar pedras e metais pre-
ciosos. Os bandeirantes ficaram historicamente conhecidos como os responsáveis pela conquista de grande
parte do território brasileiro. Alguns chegaram até fora do território brasileiro, em locais como a Bolívia e o
Uruguai. Esses homens, que saíam de São Paulo e São Vicente, dirigiam-se para o interior do Brasil caminhan-
do através de florestas e também seguindo caminho por rios, sendo o rio Tietê o meio de acesso mais usado
para o interior de São Paulo.
As explorações territoriais eram chamadas de Entradas ou Bandeiras. Enquanto as Entradas eram ex-
pedições oficiais organizadas pelo governo, as Bandeiras eram financiadas por particulares (senhores de en-
genho, donos de minas, comerciantes). Depois do século XVII, havia grande interesse dos colonizadores
portugueses por ouro e pedras preciosas.
Anhanguera, o Bartolomeu Bueno da Silva, bandeirante paulista, foi um dos primeiros a explorar o Brasil
Central, no século XVII. Aspirando encontrar ouro no sertão goiano, organizou uma bandeira e partiu para lá
em 1682.
Ele residia em Santana do Parnaíba (SP) e foi deste pequeno povoado que, por volta de 1670, partiu
a bandeira organizada por ele e formada por 150 pessoas, entre elas o seu filho adolescente, Bartolomeu
Bueno da Silva Filho (conhecido como Anhanguera II), o qual teria entre 12 e 15 anos. Nessa época, estavam
sendo intensificadas as buscas (prospecção) de metais preciosos no interior da colônia. A maior parte dos
integrantes das bandeiras era formada por índios e mamelucos (resultante da mistura de índios com brancos)
recrutados para o trabalho pesado (carregadores), como cozinheiros e também como batedores (por conhe-
cerem bem o sertão).
O trajeto percorrido por essa bandeira passava pelo Oeste Paulista, Triângulo Mineiro e a terra dos índios
‘Guyazes’. Bartolomeu Bueno não foi o primeiro a atravessar essas paragens. Desde o final do século XVI, os
paulistas percorriam essas trilhas em busca de índios ou ainda atrás do mítico lago Dourado (local onde ha-
veriam possíveis riquezas ou uma civilização desconhecida), o qual nunca foi descoberto.
Bartolomeu alcançou o rio Araguaia onde encontrou outra bandeira, a de Antonio Pires de Campos,
que havia percorrido o atual Mato Grosso e que solicitou a Bartolomeu que o ajudasse a conduzir os seus
índios cativos para São Paulo. Ao iniciar o retorno para as terras paulistas, Bartolomeu Bueno da Silva percor-
reu o curso do rio Vermelho e alcançou a aldeia dos índios “Guyazes”, com a esperança de encontrar ouro,
principalmente segundo se supõe, após ter visto algumas índias dessa tribo com enfeites feitos com o valioso
metal.
Reza a tradição que, certo dia, ao deparar-se com um grupo desses índios às margens de um ribei-
rão, Bartolomeu os interrogou sobre a possível localização das minas. Sem conseguir uma resposta clara, o
bandeirante utilizou um artifício para obter o que queria: ameaçou atear fogo nos rios! E para dar prova da
ameaça, lançou água sobre um vaso e pôs fogo ao líquido, que na verdade, era álcool. Ao verem as chamas,
os índios imediatamente teriam gritado: Anhanguera, Anhanguera!!!!!
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