Page 82 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Uberaba das alegres boemias
dos “fusos” e “sururus”
da Rua do Baco-Lerê;
dos tipos populares:
Martinho Chifrudo,
José Besta,
Adão Soares,
Manuel Dendê.
Uberaba dos rechinantes carros de bois
atopetando a Rua do Comércio;
Das tropas vindas dos sertões
Em tardos “lotes”, puxados
Pelas “madrinhas” ajaezadas
De mirabolantes
e guizalhantes “ cabeçadas”;
Uberaba dos boiadeiros
Queimados de sol,
de vastas bombachas,
botas assanfonadas
e amplos chapelões
quebrados na testa.
Uberaba dos “choros” e “serenatas”
Pelas noites enluaradas...
Modinhas, lundus, violões
velados e veludosos
debaixo das janelas das namoradas.
Uberaba da Rua das Flores,
Da Rua Grande, da Rua do Boi, da Rua da Pinga,
do Beco da Liberdade,
de tantas coisas bonitas que não existem,
mas vivem na minha saudade.
Uberaba de ontem...Uberaba de hoje...
Não sei a qual das duas quero mais:
se a Uberaba dos meus tempos de menino,
Se a Uberaba de meus dias outonais.
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