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RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA
João Eurípedes de Araújo
Segundo o historiador mineiro Juarez Silva, religião de matriz africana “significa que a cosmovisão base
(fundamentos) ou parcela dela, vem de cultos de origem africana, lá praticados desde a antiguidade e intro-
duzidos no Brasil com adaptações pelos escravizados africanos e descendentes destes”.
Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás, voduns ou nkisis,
dependendo da nação. Antropologicamente animismo é o primeiro estágio da evolução religiosa da huma-
nidade, no qual o homem primitivo crê que todas as formas identificáveis da natureza possuem uma alma e
agem intencionalmente.
A origem do candomblé é totêmica e familiar. Dentre as nações africanas praticantes do animismo,
cada uma tinha, como base, o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro em de-
corrência da importação de escravos que, agrupados nas senzalas, nomeavam um zelador de santo, também
conhecido como babalorixá, no caso dos homens, e como yalorixá, no caso das mulheres.
Os sacerdotes e sacerdotisas que vieram da África para o Brasil durante o tráfico negreiro, em suas
companhias trouxeram seus orixás, nkisis e voduns. Durante a diáspora africana, princesas e sacerdotisas
como, Iyá Akalá, Iya Adetá e Iyá Nassô, vieram para o Brasil (Salvador/Bahia) e posteriormente fundaram, em
Salvador, no bairro da Barroquinha, a Casa Branca, o mais antigo templo de culto de matriz africana do País.
Ilê Axé Nassô Oká, conhecido como Casa Branca, fundada em 1845
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