Page 208 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Os produtos inicialmente eram embarcados no Rio de Janeiro e descarregados em Porto Estrela, e
depois seguiam “pelo caminho do mar” entravam em Minas Gerais até São João Del Rey e Formiga. Os goia-
nos, mato-grossenses e os próprios uberabenses buscavam aí as mercadorias (sal, ferro, querosene, tecidos,
água de cheiro, sombrinhas, armarinhos, perfumaria e outros) e levavam seus produtos: café, toicinho, queijo,
marmelada, couro, que assim eram comercializados.
Com a expansão do café no Oeste Paulista, a partir de 1840, tornou-se necessário solucionar a questão
dos transportes e barateamento das mercadorias, já que o porto de Santos monopolizava as atividades portu-
árias. Essa nova rota passava por São Paulo, Jundiaí, Campinas, Porto de São Bartolomeu, descia pelo rio Par-
do, subia o rio Grande, até o porto da Ponte Alta e daí, através de tropas e carro de bois, chegava a Uberaba.
Gradativamente, os uberabenses iam concentrando as mercadorias na cidade, criando “casas comissá-
rias”, facilitando e racionalizando o trabalho dos goianos e mato-grossenses.
Uberaba transformou-se na região mais importante da província, do mercado salineiro do Brasil central
e regiões intermediárias.
A Estrada de Ferro chegou a Ribeirão Preto, Casa Branca, Franca e prolongou-se até Uberaba, onde
chegou em 1889. Mesmo não sendo região produtora de café, alcançou uma pujança comercial que justifi-
cou a chegada da ferrovia.
Aproximadamente 2.500 carros de bois faziam, na época, o transporte de sal para Goiás e Mato Grosso.
Os tropeiros e carreiros desempenharam papel fundamental na formação da sociedade uberabense. A cidade
atingiu um nível econômico considerável: a população aumentou, as Casas Comissárias ampliaram-se e sur-
giram bancos rurais hipotecários.
Editor Marcelino Guimarães / Superintendencia do Arquivo Público de Uberaba
Largo da Matriz (Praça Rui Barbosa). Ano 1908.
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