Page 211 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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quase nunca aparecia na sala, quando havia visitas masculinas, permanecendo sempre na cozinha. O nível de
               instrução era quase inexpressivo tanto para os homens quanto para as mulheres. A fazenda era o ponto de
               encontro social e festivo. “Só permanecem na vila, nos dias de semana, os artesãos, as pessoas sem profissão,
               comerciantes e prostitutas.” (Saint Hilaire, Auguste de. Viagens às Nascentes do Rio São Francisco, p.30)

                     A sede das fazendas era de construção simples, mas algumas se destacavam pelo tamanho e luxo. Ge-
               ralmente existia uma capela, muitas vezes ao lado do cemitério. Na fazenda moravam escravos e um grande
               número de familiares – pai, mãe, filhos solteiros, às vezes casados, avós, tias e tios.
                     O escravo era mão de obra natural na agricultura de subsistência e de uma forma intensa nas atividades
               domésticas. Sua presença dependia do poder aquisitivo do fazendeiro. Em 1820, a freguesia de Santo Antônio
               e São Sebastião de Uberaba tinha 1.621 habitantes, dos quais 417 eram escravos. Em 1754, o município pos-
               suía cerca de 1.800 habitantes, sendo, 384 escravos domésticos (caseiros).

                     À medida que Uberaba se urbanizava, a mão de obra assalariada tornou-se básica.Tal fato é explicado
               pela chegada dos imigrantes e pelo fortalecimento do capitalismo na região. A cidade crescia e, diante disso,
               surgiam preocupações com a sua estética, procurando-se alinhar as casas na praça da Matriz, leis e regu-
               lamentos para o uso dos “olhos d água” e eliminação de formigueiros nos quintais das casas. Não sendo as
               ruas calçadas, o pó era constante por causa do movimento intenso das tropas e carros de bois. O costume
               de pedir fogo emprestado para as atividades culinárias era comum. O pilão era peça fundamental na casa. A
               população deitava-se cedo, não havia iluminação. Não existia ainda cinema e nem “O Baculêre”. O Teatro São
               Luiz atraía o interesse da população, embora não funcionasse constantemente.
                     As casas, construídas em estilo europeu, ostentavam quadros a óleo, pinturas nas paredes, mobílias
               francesas, espelhos “bisottés”, “ettagéres”, mármores de Carrara, lustres de cristal, tapetes, louças de Limoges
               ou Sévres, escarradeiras, peças de prata e ouro. Essas guarnições passaram a integrar a vida cotidiana da ci-
               dade.


                                                                                                                         Autor não identificado / Acervo Superintendência do Arquivo Público de Uberaba








































                                                    Interior de uma loja em Uberaba. Ano 1930.



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