Page 197 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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ESCRAVIDÃO NEGRA E OS

                          MOVIMENTOS ABOLICIONISTAS


                                                                                        João Eurípedes de Araújo
                                                                                               Marcelo de Souza


               BRASIL
                     Não há fontes precisas dos primeiros africanos negros que vieram da África para serem escravizados no
               Brasil. Muitos estudiosos afirmam que, em 1538, Jorge Lopes Bixorda, arrendatário de pau-brasil, teria trafica-
               do os primeiros negros para a Bahia.

                     Historiadoras como Elza Nadai e Joana Neves, dizem que a primeira referência de africanos trazidos
               para o Brasil como escravos data de 1550, quando a metrópole fez chegar uma partida de africanos em
               Salvador para ser dividida entre seus moradores. Porém, ela não foi suficiente, pois, um ano após, Nóbrega,
               superior dos jesuítas, solicitou ao rei o envio de alguns negros da Guiné para o colégio da Bahia.

                     Alvará de 29 de março de 1559, endereçado de Lisboa ao capitão da ilha de São Tomé, autorizou cada
               senhor de engenho a resgatar, às suas custas, até 120 escravos, pagando à coroa um terço dos direitos. Pro-
               vavelmente, foi a partir dessa providência que se deram as primeiras entradas significativas de escravizados
               africanos no Brasil.

                     Chegando ao Brasil, os negros eram vendidos no próprio porto, em leilões. Pouco tempo depois es-
               tavam trabalhando para os seus senhores: nos engenhos, na mineração, na agricultura em todos os outros
               tipos de ocupações.
                     A esses indivíduos, homens e mulheres escravizados, restavam poucas opções: a autodestruição (suicí-
               dio), a fuga ou a resignação. Perdidos de todos os laços familiares, sociais e culturais após a captura, o instinto
               de sobrevivência fazia com que muitos deles se submetessem às regras da nova condição, mas isso não
               impedia que resistissem, cotidianamente, às vezes com violência, mas também com subterfúgios variados.

































                              Após a dura travessia do oceano Atlântico, os escravizados que sobreviviam e se recuperavam ficavam
                                                      exposto, aguardando compradores
                                                                                 Foto: África e Brasil Africano, p.88


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