Page 145 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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(...) em um assento de campo limpo, entre dois capões, um dos quais fica ao leste
e outro a oeste de um pequeno ribeirão denominado a Lage que corre de sul a norte,
a fazer imediatamente barra no rio Uverava Falsa, e onde presente estava o cessionário
Ajudante Domingos José Vaz da Silveira, e por elle foi dito ao referido juiz comissionário
que naquele lugar lhe mandassem por o marco Piam daquela sua sesmaria, e que dele
lhe mandasse correr os rumos até lhe preencher as terras que pelo título lhe estavão
concedidas, sendo o seu comprimento de norte a sul, e a largura para oeste (...)
O rio Uverava Falso é o rio Uberaba, e o ponto indicado para o marco pião é o mesmo Ribeirão da Lage
que hoje atravessa o centro de Uberaba, canalizado sob a Avenida Leopoldino de Oliveira, fazenda barra, isto
é, desaguando no rio Uberaba, na atual Fazenda Epamig.
A grande dificuldade está na localização do marco pião: o marco foi “fincado” na margem leste ou oes-
te do córrego? Como localizar os capões, se todos já foram cortados?
As outras medidas partem todas do marco do pião central, sendo que apenas dois marcos de divisas
se aproximam do que temos hoje: Ribeirão Buriti,que é referência aproximada do que temos hoje: Ribeirão
Buriti, que é referência aproximada do marco sul e uma orientação para o marco oeste: (...) “um espigão de
campo que vai fexar ao rio Uverava Falsa”. Impossível até agora precisar o ponto exato. Para isso, teríamos que
localizar as sesmarias confrantantes: a de Sebastiana Maria do Espírito Santo e de Manoel Pereira da Silva, o
que seria tema de outra pesquisa.
A cerimônia da medição da sesmaria se estendeu por seis dias, de 9 a 13 de julho de 1811. O capitão
Antonio Eustáquio da Silva e Oliveira foi citado para a medição como procurador de dona Sebastiana Maria do
Espírito Santo. Presente na abertura dos trabalhos do dia oito, não compareceu à audiência de posse do dia 13
de julho. Nessa audiência de posse o juiz de sesmarias permitia os protestos dos confrontantes e sesmeiros
quanto à discordância das divisas.
O sesmeiro Domingos José da Silveira registrou a aceitação sob o protesto. Alegou que as terras que
estava adquirido (como cessionário) foram doadas em 1807, fazendo divisa com os índios disciplinados de
Antônio Pires de Campos.
Qualquer que seja a localização, exata ou aproximada, essa sesmaria situa-se dentro do território dos
índios. O Governo de Goiás estabeleceu no século XVIII uma légua e meia de terras -a que chamou aldeanas-
para uso dos índios cativos de Pires de Campos, para que se policiassem a estrada do Anhanguera no trecho
do Sertão da Farinha Podre, impedindo a aproximação do Caiapó. O mapa localizando essas terras aldeanas
nos comprava esta afirmação. Portanto, as sesmarias não possuíam referências exatas - o uso da bússula só
indicava os pontos cardeais, e não a localização das terras.
N ESCALA
1:200.000
1 2 3 4
KM
O L
BR-050
Mapa 1 S
4
Legenda
rio Uberaba
1 - Nascente do Córrego Buriti
rio Uberaba
2 - Nascente do Córrego da Lage, 3 Córrego 2
das Lajes
dentro da cidade de Uberaba Uberaba
4
1
3 - Rio Uberaba
BR-050
4 - BR-050 que segue com algumas
variações a estrada Anhanguera
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