Page 149 - Revista Memorias_Nacional F C
P. 149

anos, pagamos certinho, coisa que o Nacional sempre fez em sua história, até hoje. Nós
                   estamos em 2016 e o Nacional não deve para nenhum jogador.


                                                          Lei Pelé

                       Hoje eu vejo muita dificuldade no futebol. A Lei Pelé dificultou, arrebentou com

                   o futebol. Acredito que logo isso vai se reverter. Eu acho que a CBF e os grandes clubes
                   pensam em manter apenas 100 clubes atuando no Brasil. As equipes do interior vão
                   acabar. O Nacional tem o seu patrimônio, a torcida diminuiu muito, o que é natural,

                   porque não tem mais aquele envolvimento dos garotos. Devemos procurar soluções.
                   Mas veja a cidade: nós temos 400 mil habitantes. Dificilmente você leva um grande
                   público para o estádio. O público definhou. Assim aconteceu com a torcida tanto do

                   Nacional quanto das outras equipes do interior. Mas nós estamos na luta, procurando
                   alternativas.
                       Assim que a economia melhorar a gente pode trazer parceiros. Hoje o time de fu-

                   tebol joga três meses. Uma hora vai mudar. Você não vê. De uns dez anos para cá não
                   tem um jogador do interior que foi vendido para os times da capital. Naquele tempo

                   não. Vendi jogador para o América, para o Cruzeiro e para o Atlético. Fizemos cai-
                   xa. Tinha uma receita que tocava o ano. O campeonato praticamente começava em
                   março e terminava em dezembro. Hoje começa em agosto e termina em setembro. O

                   campeonato está afunilado para os grandes clubes e não sei se isso é bom para um país
                   tão grande quanto o Brasil. Na Itália, na Espanha, é muito bom.

                       As decisões do Ministério do Esporte são tomadas por alguns ex-jogadores que são
                   realizados, ganharam muito dinheiro. No entanto, a maioria dos jogadores no Brasil
                   hoje não deve ganhar mais de um salário mínimo. Com a quantidade de jogadores

                   que tem é muito sofrimento. Eu estava conversando com amigos sobre o fato de os joga-
                   dores ganharem muito mal. Custam a dar conta de tocar sua vida particular. É muito
                   raro o jogador conseguir sobreviver com o esporte. Você vê o Nacional e o Uberaba

                   Sport disputando a segunda e terceira divisões; você vê jogador ganhando R$ 1.500,00
                   a R$ 2.000,00. Também você não pode oferecer mais. No Nacional fizemos uma boa
                   equipe em 2015. Não conseguimos subir, mas pelo menos não devemos. Olhamos o

                   jogador olho no olho e mostramos as nossas condições.
                       Paixão e amor motivam o trabalho com o Nacional. Por isso, o time é viável na

                   cidade, porque tem estrutura. O Nacional sempre disputou as divisões de base. Muitos
                   meninos afastam-se do futebol porque procuram outros meios de vida. Acho que quan-



                                                                                                      147
   144   145   146   147   148   149   150   151   152   153   154