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jogadores estejam empregados e dificilmente voltem à vida futebolística. Outros voltam a
                   jogar no futebol amador. Essa situação está se tornando um círculo vicioso.
                       Eu trabalho com jogadores no juvenil, sub-17 e no sub-20. Quando eles atingem a ca-

                   tegoria profissional, devem dar sequência aos treinamentos. Contudo, os clubes de Uberaba
                   não têm condições de manter esses jogadores.



                                             A estrutura no futebol atual
                       O interesse da CBF é manter as divisões A, B e C do Brasileiro. Os clubes do inte-

                   rior são prejudicados com isso e devem se manter da forma mais conveniente. Isso está
                   prejudicando principalmente o nascedouro dos jogadores na base do futebol, que são
                   os times pequenos do interior. Alguns jogadores de hoje são formados em escolinhas de

                   campo sintético e não têm aquela habilidade dos jogadores de outrora.
                       Eu joguei até 1990. A minha última partida foi contra o Cruzeiro, campeão mi-
                   neiro invicto naquele ano. Empatamos em 1 x 1. Na mesma ocasião, vendemos o Van-

                   dão para o Cruzeiro. Ele era de Igarapava, cortador de cana, jogou um campeonato
                   pelo Nacional e foi vendido para o Cruzeiro. O clube preparava o jogador, vendia o

                   seu passe e conseguia manter o setor financeiro e administrativo com aquele dinheiro.
                   Hoje com essas mudanças na lei, os clubes do interior perderam muito. Então a gente
                   torce para que haja uma alteração na lei para inibir a saída dos atletas sub-23 do país,

                   para que esses jogadores se estabilizem e criem identidade não só com o clube deles, mas
                   com o Brasil, com a seleção brasileira, no sentido geral.

                       Em 1982 eu realizava treinos na parte da manhã e o Baco na parte da tarde. O
                   Da Silva era treinador. Da Silva era pai do Soni Anderson. Toninho jogou no Japão,
                   Soni Anderson jogou no Barcelona, no Vasco, Olympique de Marseille e continua

                   sendo hoje o supervisor e gerente esportivo do Olympique de Marseille. O Da Silva
                   jogava aqui no meio de campo memorável: Jackson, Da Silva e Tinoco. Era o nosso
                   treinador em 1983. Desde 1983, quando o Da Silva veio para cá, não treinávamos

                   a parte física pela manhã. Depois passei a auxiliá-lo na função de preparador físico
                   e estamos até hoje nesta batalha, com muito amor, muito carinho e muita entrega ao
                   Nacional nestes anos todos.



                                                         Ano 2016

                       As perspectivas não são boas para o futuro. Vamos disputar a segunda divisão, mas
                   a gente não pode só pensar em disputar o campeonato na hora em que ele ‘começar’.



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