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A minha posição era meia-armador, que não existe mais no futebol atual, princi-
palmente na Seleção Brasileira. Eu era o jogador que criava as jogadas para os atacan-
tes. Hoje se destroem jogadas mais do que se constroem. Hoje se trabalha muito condi-
cionamento físico e nenhuma criatividade. Eu acho que pode aparecer algum jogador
de “beque” nos clubes grandes, principalmente, mas do meio de campo para frente não
aparece jogador como havia antigamente, como Falcão e Gerson. No passado treina-
va-se condicionamento físico apenas em um dia e o resto da semana era trabalho com
bola. Hoje é um dia com bola e o resto com treinamento físico. Jogador hoje corre dois
dias sem parar, mas a criatividade é pouca.
O que mais a gente leva desta vida, no futebol, é a amizade. Graças a Deus tenho
certo prestígio dentro de Uberaba e financeiramente não posso reclamar, porque tenho
uma vida tranquila.
Jogos que ficaram na memória
Há coisas que me marcaram muito. Uma delas foi subir para a primeira divisão,
porque era difícil subir naquela época. Os times que disputavam o Campeonato Mi-
neiro eram muito bons, principalmente os da primeira e os da segunda divisão.
Quando eu jogava, o time já disputava o Campeonato Mineiro da segunda divi-
são, em 1959. Em 1964 nós subimos para a primeira divisão do Campeonato Mi-
neiro, na época em que realizamos uma final com um time de Itaúna, uma cidade
próxima a Belo Horizonte.
Outra partida que marcou muito foi contra o Uberaba Sport, numa decisão de
melhor de três. Ganhamos a primeira no Estádio JK, fomos para o Boulanger Pucci,
perdemos. Depois partimos para a terceira, quando o jogo ficou empatado e em uma
decisão por pênaltis nós ganhamos. Essa partida ocorreu no Campeonato Mineiro da
primeira divisão.
Naquela época, a estrutura era melhor e as condições financeiras eram muito boas.
O Nacional tinha um bolão. Era o único time brasileiro que tinha esse bolão: o “Na-
ciobol”. Era um time bem organizado.
Estrutura para revelar e trazer jogadores
O Nacional tinha um departamento de base muito bom, comandando pelo doutor
Silvio Ronaldo da Cunha Prata. Da base do Nacional constantemente subiam joga-
dores para o time principal: Luiz Cecílio, Carlinhos Babão, Julei, Guerra são exemplos
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