Page 600 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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cipal de Uberaba, que a encampou em 1909 e transformou-a em “Biblioteca Pública Municipal Bernardo
Guimarães”, mantendo o nome do escritor.
BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL BERNARDO GUIMARÃES
O BRASIL E UBERABA EM 1909: época da criação da Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guima-
rães
Na época em que foi criada a Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães em 1909, a economia
brasileira se caracterizava pela dependência externa e passava pelo processo de urbanização e moderniza-
ção, fruto da política capitalista.
Politicamente, o regime republicano se consolidava no Brasil com o domínio das oligarquias agrárias
que controlavam as eleições no Brasil.
No aspecto social, a maioria da população brasileira residia na área rural, como trabalhadores livres, imi-
grantes, ex-escravos. De modo geral, essa população vivia em precárias condições de vida, sem propriedade,
sem leis que os protegessem e de certa forma, não tinham outras opções, sendo “obrigados” a trabalhar nas
terras dos latifundiários, que tinham o poder político e econômico, além de prestígio social.
A população urbana era constituída em sua maioria pelos operários, ex-camponeses, artistas, doen-
tes, andarilhos, ex-escravos, enfim, setores pauperizados da baixa classe média que formavam um grande
exército de deserdados da fortuna. O escravo liberto, após a abolição de 1888 ficou abandonado, devido à
ausência de um projeto para enquadrar no aspecto social e econômico a população negra. O setor educa-
cional, apesar de receber várias críticas que apontavam suas deficiências, continuava como ensino elitizante
e um número reduzido de mulheres que freqüentavam as Escolas. O Brasil contava com aproximadamente
85% da população de analfabetos. Na verdade, os governos da República Velha (1896 a 1930) para manterem
o controle da situação alienaram a população ao não proporcionarem como metas políticas a educação e
a cultura. O governo sempre alegava falta de recursos e o desinteresse da população pela educação. Esta
despreocupação pela educação facilitou a vinda de várias congregações religiosas estrangeiras, preparadas a
administrar com eficiência o ensino no Brasil.
Evidentemente, que Uberaba, inserida no contexto do Brasil, sofria o mesmo processo de urbanização
e modernização da sociedade brasileira.
Politicamente, o patriarcalismo personalista faccioso sempre foi a marca registrada da atividade política
no Brasil e em Uberaba...
As facções lutavam apenas com o propósito de aumentarem seus privilégios locais, regionais ou na-
cionais, e nada além. Os partidos políticos na época disputavam violentamente o poder. O administrador do
município nada podia fazer porque os seus passos eram embaraçados em qualquer sentido pelo adversário
que procurava todos os meios ao seu alcance e até fora deste, para fazê-lo.
A economia de Uberaba em 1909 se caracterizava pela atividade criatória, predominantemente rural.
Os interesses dos criadores eram limitados à zona rural e diante disso passaram a canalizar as ações políticas
para esse setor. Em 1906, realizou-se a primeira exposição de gado Zebu na Fazenda Cassu. O comerciante
passou a aplicar seus lucros nas fazendas e no gado. Anteriormente houve uma próspera atividade comercial,
que iniciou sua decadência em 1895/1896 provocada pela passagem da Estrada de Ferro Mojiana, que atingiu
Uberlândia e Araguari e que furtou de Uberaba as praças comerciais de Goiás, Mato Grosso e do Triângulo
Mineiro. Diante disso, houve uma paralisação das atividades sócio-econômicas urbanas que antes marcaram
a vida da cidade.
A criação de gado promoveu em Uberaba uma elevação da vida econômica, mas trouxe consigo refle-
xos negativos no tocante à vida social, se atentar para o fato de que o surto de urbanização declinou e a vida
cultural se empobreceu.
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