Page 386 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Uma notícia do jornal Lavoura e Comércio, de 1905 chamava a atenção do Governo Estadual de Minas
Gerais e das autoridades policiais pela falta de segurança, transcrita na íntegra:
Tomamos a liberdade de chamar a atenção do digno Sr. Dr. Chefes de Polícia
do Estado para as reclamações que, na presente edição fazem os nossos ilustres
correspondentes de São João do Rio das Pedras e Água Suja, localidades essas que
se encontram sem polícia, à mercê da sorte e onde se repetem cenas revoltantes de
banditismo, em pleno dia.
Sem polícia, também, continua esta cidade que vai não sabemos para quanto
tempo, está com o seu destacamento grandemente desfalcado.
O Sr. Dr. Cristiano Brasil, ativo e zeloso como mostra ser, precisa voltar os seus
olhos para o Triângulo Mineiro e por falta de garantias em que se encontram não só as
localidades, acima citadas, como toda esta zona, aliás, uma das mais importantes do
Estado, para cujos cofres contribuem com respeitável soma de imposto.
Jornal Lavoura e Comércio, 31/08/1905, p.1
O jornal Lavoura e Comércio registrou a composição do destacamento da corporação militar que per-
maneceu em Uberaba em 1906:
Sem Polícia. O nosso destacamento compõe-se de 44 soldados, 01 corneteiro,
02 cabos, 01 sargento e dois oficiais. Pelo menos, assim reza o Decreto publicado
em Minas Gerais. Atualmente a guarnição está reduzida a 29 homens: 11 para guarda
da cadeia; 04 para guarda do correio; 04 para guarda do Quartel; 01 ordenança do
Delegado; 01 cozinheiro; 01 ajudante.
Fica restando, portanto 07 homens. Desses, ordinariamente 02 estão presos, 01
está doente, como se dá neste momento. Restando apenas 04 para o policiamento.
Jornal Lavoura e Comércio, 28/01/1906
Em 1906 alguns políticos inconformados com a situação fundaram o “Movimento Separatista”, que
estava adormecido, porém ainda latente. O presidente do movimento era o engenheiro Silvério José Ber-
nardes, nascido em Uberaba em 1877 e formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro. A ideia do clube
separatista era formar um estado independente, Entre-Rios, ou Estado do Paranaíba. Este movimento teve
grande alcance e despertou a atenção dos governos da União e do estado de Minas Gerais, que passaram a
se interessar pelos destinos da promissora região do Triangulo Mineiro.
Edelweiss Teixeira, em O Triângulo Mineiro nos Oitocentos (Séculos XVIII e XIX) cita que:
A partir da Guerra do Paraguai, novas ideias políticas começaram a se desenvolver
no espírito dos brasileiros. O nosso Triângulo passou a denominar-se Triângulo Mineiro,
em 1874. Pelos jornais, também no ano seguinte surgia o Tenente Cel. Manoel José
dos Santos, acompanhado, em 1876, pelo Senador Antônio Cândido da Cruz Machado.
Propunha este que o Triângulo Mineiro fosse separado da Província de Minas, formando
província independente com o nome de Província de Entre Rios, por estar entre o rio
Grande e o Paranaíba. Tal ideia não vingou. (TEIXEIRA. p.162)
Hildebrando de Araújo Pontes, em seu livro menciona o Clube Separatista:
Fundação do Clube Separatista. Hildebrando Pontes é seu idealizador e seu
secretário. Bate-se ardentemente pela separação do Triângulo, não para anexar a São
Paulo, como queria Des Genettes, em 1875, mas para formar Estado independente.
A campanha desperta a atenção dos governos, que procuraram reparar as omissões
mandando: - a) construir a Ponte Afonso Pena; b) – abrir a primeira agência bancária
(Banco de Crédito Real de Minas Gerais S/A); c) – ampliar os trilhos da Mogiana; d) –
estender a Uberaba e a Araxá as linhas da Oeste, etc. ( PONTES, 1970. p. 184)
Hildebrando de Araújo Pontes no livro Vida, Casos e Perfis revela que:
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