Page 120 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Os bandeirantes conseguiram, também encontrar ouro em Goiás no século XVIII e para transportá-lo
ao porto do Rio de Janeiro, capital do País naquela época, as autoridades abriram uma rota que ficou conhe-
cida como Estrada do Anhanguera, na região onde atualmente se encontra o Triângulo Mineiro.
Em Portugal, uma lei proibia o trânsito de pedestres nas estradas destinadas ao trânsito do ouro, sendo
que muitas estradas eram denominadas “Estrada real”, numa medida que se estendia a todas as estradas co-
loniais onde era transportava o ouro.
Contudo, na mesma estrada do Anhanguera habitava uma tribo inteira de índios: os caiapós. O governo
colonial criou várias mentiras, entre elas, a de que os índios eram selvagens, agressivos e perigosos e que, por
isso deveriam ser exterminados. Na verdade, queria apenas proteger o transporte do ouro. De acordo com o
mapa do século XVIII, é possível identificar a localização desse grupo indígena, com a denominação de “Ser-
tão do Gentio Cayapó”.
Mapa elaborado por Francisco Tossi Colombina, em 1751, identificando o território Caiapó
(Sertão do Gentio Caiapó) no Triângulo Mineiro
Visando cumprir a legislação, o governo português contratou, no século XVIII, o paulista Pires de Cam-
pos com o fim de proteger as estradas e, para isso, exterminar índios.
Dessa forma, a nação caiapó do Triângulo Mineiro foi praticamente dizimada. Ao longo da Estrada do
Anhanguera, o governo português autorizou a fixação de 19 aldeias compostas por índios aculturados (xacria-
bás, carajás, javaés e bororos) que serviam de postos de guarda e policiamento. Dentre essas aldeias desta-
cava-se a aldeia de Uberaba, situada próximo ao rio Uberaba falso. O papel defensivo e militar exercido pelos
aldeamentos indígenas era evidente, pois os índios tornaram-se guardiões da Estrada de Goiás, protegendo
os viajantes que por alí passavam. Há cerca de meio século, os índios estabelecidos por Pires de Campos
foram os únicos habitantes da região, hoje Triângulo Mineiro, naquela época conhecida como “Sertão da
Farinha Podre”.
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