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nome da família. Certo dia, disse, “os        meiro deles, ANTÔNIO JOAQUIM
               dois irmãos,  Joaquim e João José da          DA SILVA PRATA, faleceu jovem. O
               Silva, passeavam a cavalo pela Fazenda        segundo filho, FRANCISCO JOSÉ

               Buriti e, ao atravessarem um córrego,         DA SILVA PRATA, casado com Ana
               sentindo sede, Joaquim inclinou-se            Eufrosina dos Santos, tornou-se pro-

               sobre os arreios com a mão em con-            prietário da chácara que pertenceu
               cha para apanhar um pouco d’água.             posteriormente ao Padre Zeferino, que
               Devido à posição inclinada, caiu-lhe          compreendia a região onde está hoje

               do bolso do colete uma moeda de pra-          a Praça Afonso Pena (antiga Praça da
               ta de grande valor e de muita estima.         Gameleira). A antiga gameleira, árvore
               Naturalmente, a moeda perdeu-se na            centenária da praça, cresceu dentro de

               lama do córrego. Os dois irmãos fi-           um dos currais da sua chácara.
               zeram tudo pra recuperá-la. Tudo em
               vão. A ‘prata’ estava perdida” (PON-                       BISAVÔS

               TES, p.88).                                    CASAMENTOS CONSANGUÍNEOS
                   Por um processo de etiologia, aque-

               le lugar passou a ser chamado de Cór-            Estranha-se que os antigos casavam-
               rego da Prata. A denominação “prata”          -se dentro da mesma família. Tipos de
               generalizou-se rapidamente. A Fazen-          casamento clânicos ou endogâmicos.

               da Buriti passou a ser chamada de Fa-         Havia, naturalmente, um motivo eco-
               zenda da Prata. Em seguida criou-se o         nômico: conservar as fazendas dentro

               hábito de chamar os donos da fazenda          do mesmo clã. Procuravam evitar dis-
               com o apelido de “Os Pratas”.                 persão de terras. Esse cuidado, porém,
                   Nessa época, todos os pomposos            não foi muito longe. Hoje, aqueles la-

               títulos militares foram criados pela          tifúndios antigos despedaçaram-se em
               Guarda Nacional e não pelo Exército           dezenas de fazendas de pequeno porte.
               Brasileiro e eram vendidos a peso de          Dessa forma, o incrível entrelaçamen-

               ouro por uma questão de vaidade ape-          to de familiares criou uniões de paren-
               nas. Os grandes fazendeiros de Ubera-         tes, como ficou patente no caso de sua
               ba eram todos coronéis, tenentes-co-          família.

               ronéis, majores e capitães.                      MANOEL JOAQUIM DA SIL-
                   O Major Joaquim da Silva Prata            VA PRATA e JOAQUIM JOSÉ DA

               teve quatro filhos e todos acrescenta-        SILVA PRATA eram bisavôs do Padre
               ram Prata aos seus sobrenomes. O pri-         Prata, pelo lado paterno e materno,



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