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mesmo jeito. Só que naquele tempo respeitava mais a entidade do Nacional. Existia
                   respeito, mas ficava com eles. Quando o sujeito ganhava o bolo, à noite íamos para
                   nossa sede que era no “Ana Rosa”, na Praça Rui Barbosa, conferir. Nós estávamos

                   com os canhotos. O sujeito às vezes arrancava as três folhas do talão e forjava. Mas
                   se tinha ganhado, nós íamos olhar o talão e estavam faltando as três folhas. As folhas

                   todas eram numeradas para realizar a conferência. O talão também era numerado.
                   Não tinha como ser fraudado por causa das três vias. No máximo a pessoa podia fazer
                   quinze pontos. Várias pessoas ganharam, inclusive torcedores do Uberaba, e recebe-

                   ram a bolada da vitória. Jamil Abílio Wasse, que tinha uma charutaria na Artur
                   Machado, onde hoje é o Edifício Geraldino Rodrigues da Cunha, foi o que ganhou
                   mais. Ganhou naquela época quase sete milhões. O bolo esportivo do Nacional virou

                   protótipo para a Loteria Esportiva. Nós estávamos mandando 50 talões para São
                   Paulo. São Paulo já estava vendendo nosso bolo esportivo. Porque era de uma neces-
                   sidade ímpar. Ímpar!

                       Aí, “meu compadre”, os adversários eram muito fortes, como são até hoje. Existia
                   um delegado que vetou o bolo esportivo. Isso, porque eles fizeram e foi um fracasso

                   total, foi um deboche. O nosso acabou por intervenção desse delegado. Se não fechasse,
                   “meu filho”, ninguém aguentava o Nacional, não! O mal foi fazer um time muito
                   caro. Nosso time colocou três jogadores na Seleção Mineira. Ganhávamos do Cru-

                   zeiro lá dentro, aqui. Do Atlético também. O Nacional Futebol Clube era um time
                   respeitado.



                                              Força econômica da equipe
                       Miguel Asank e eu buscamos jogador que na época custou 30 milhões de cruzeiros

                   para o Nacional: Antônio da Silva, o Da Silva. Viajamos no avião do Sr. Silva Castro
                   Cunha. O presidente do Nacional era Garibaldi Adriano e o piloto era o Tamura. Foi
                   a primeira vez em que eu viajei de avião. Levamos dinheiro para pagar o Da Silva,

                   que ficou muito tempo no Nacional, chegando inclusive a ser treinador. Ganhou várias
                   vezes de nosso ferrenho adversário. Ele montava um timinho aqui, que virava um timão
                   e vencia. Os filhos dele foram criados dentro do Nacional, inclusive o Soni Anderson, o

                   Toninho, o Dindão. A Carla, filha dele, fazia física junto com os jogadores profissionais,
                   desde a idade de cinco anos.

                       Certa ocasião, um jogador do Nacional, o Squelete, levou o Dindão, todo suado, para
                   debaixo da ducha de água fria. Isso provocou uma paralisia no moleque. Ele perdeu o



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