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Em 1973, quando o Nacional jogou a “melhor de três” contra o Uberaba Sport,
aquilo foi arrumado. O presidente do clube adversário era compadre do coronel José
Guilherme Ferreira, presidente da Federação Mineira. Ele arranjou uma melhor de
três contra o Uberaba. Aquela foi uma vitória da dignidade da honradez. O primei-
ro jogo foi no nosso campo e o Nacional ganhou de três a zero. O senhor Joaquim
Gonçalves teve a petulância de anular o terceiro gol. Dr. Orlando Silva era torcedor
ferrenho do Uberaba Sport. O irmão dele era o bandeirinha e, na primeira chance,
anulou o terceiro gol. Aí fizemos as duas outras partidas no campo do Boulanger Pucci.
Perdemos a segunda partida porque usaram meios escusos. Depois veio um juiz de BH,
chamado Ruan Della Paciona Artez. Durante o jogo, que teve muita bola na trave,
ele fez o seguinte comentário: “La pelota não quiere entrar!” E nós ganhávamos por 1
x 0. No finzinho do jogo, no último lance do time adversário aconteceu o empate. Eles
tinham um jogador muito rápido, Carlos Alberto, que cruzou uma bola e, depois de
um sururu dentro da área, o Fabinho cravou um gol de empate.
Aí o “Papai do Céu desceu à Terra” e pregou a justiça. O primeiro a bater os pênaltis
foi o Tinoco, no goleiro do USC, Luiz Fernando, sobrinho do Dr. Ézio de Martino. Hoje
ele é engenheiro. Pessoa maravilhosa, meu amigo inclusive. Naquele tempo, batiam-se
apenas três penalidades, sempre com o mesmo jogador. Foi no campo do “BP”, chamado
campo dos bambus, porque no fundo do campo havia bambus. Tinoco bateu os três pê-
naltis do lado direito. O primeiro foi no cantinho do pé da trave e o segundo também.
No terceiro chute, o goleiro Luiz Fernando pulou, ela quicou na frente dele e entrou. Na
hora eu falei: Foi o dedo de Deus. O dedo da Justiça. Aí a cidade foi uma festa só.
Quartel general do Nacional
A maioria dos torcedores do Nacional se concentrava no São Benedito. O “quartel
general” era a Rua Tristão de Castro, porque morava ali a maioria dos nacionalistas
fundadores do Nacional. Por isso, ficou conhecido como time beneditino.
Na época em que o Nacional disputou o Campeonato Mineiro, cada time ganhou
um símbolo, por exemplo: o galo era o símbolo do Atlético; a raposa, do Cruzeiro; o
coelho, do América. O Nacional, que era um time de peso, de moral, de muita condi-
ção financeira naquela época, ganhou como mascote o “elefante”.
Havia um bolo esportivo no qual o Nacional faturava uma nota violentíssima; por
sinal, era um time muito bem arrumado. Era o segundo time dos mineiros. O Nacio-
nal chegava a Belo Horizonte e era respeitado e querido por todos.
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