Page 607 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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No Estado Novo (1937 a 1945) não havia mais eleições democráticas no Brasil e conseqüentemente
               instalou-se a Ditadura Getulista, um período marcado pelas perseguições políticas. Os Prefeitos de Uberaba
               eram nomeados em Belo Horizonte. Dessa forma, foi indicado como Prefeito de Uberaba Carlos Martins Pra-
               tes (1943-1946), que em sua administração acolheu a sugestão do médico e escritor uberabense, Dr. Paulo
               Rosa, que consistia em reorganizar a Biblioteca Pública, não por meio de dotações ou verbas do orçamento,
               mas com a cooperação de particulares que doaram livros e dinheiro para este fim. A nova Biblioteca foi reor-
               ganizada e instalada na parte superior, anexa ao gabinete do Prefeito. O funcionário Francisco de Paula Bueno
               de Azevedo ficou encarregado de mantê-la organizada, ainda que precariamente.
                     Em 1947 houve a reconstitucionalização do Brasil, época de eleições democráticas e respeito à cons-
               tituição. Em Uberaba assumiu o cargo de Prefeito Dr. Boulanger Pucci (1947- 1951), que instalou a Biblioteca
               Pública na Rua Coronel Manoel Borges, esquina com a Rua Major Eustáquio, no casarão que pertencia a Pe-
               dro Naves (mascate de gado na região de Mato Grosso). A funcionária nomeada para dirigi-la foi Iná de Souza.
               Funcionou nesse local até 1952, na gestão do Prefeito Antônio Próspero, sendo a Biblioteca despejada pela
               falta de pagamento do aluguel pela Prefeitura. Diante disso, os livros foram novamente depositados no porão
               da Prefeitura, local onde já havia funcionado a primeira Biblioteca.
                     Em 1956, o NACJ-Núcleo Artístico e Cultural da Juventude, fez uma grande campanha e orientação
               no sentido de ser construído “Teatro de Alumínio”, com dois pavilhões, sendo um para o teatro e outro para
               Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães, na Praça Manoel Terra em frente à Igreja Santa Rita. A
               autoria do projeto foi do arquiteto Germano Gultzgolf. O plano de propaganda pró-construção do Teatro
               de Alumínio foi amplo, onde foram vendidas flâmulas artísticas do Núcleo Artístico e Cultural da Juventude,
               alusivas ao Centenário da Cidade, para serem revertidas para o fundo de construção. O NACJ era constituído
               pela seguinte diretoria:
                       •   Presidente – Iná de Souza (Diretora da Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães)


                       •   Vice-Presidente – Reynaldo Domingos Ferreira

                       •   Primeiro Secretário – Myrtes de Lourdes Viana

                       •   Segundo Secretário – Padre José de Araújo

                       •   Primeiro Tesoureiro – Carlos Fontoura

                       •   Segundo Tesoureiro – Orlando Pazolini

                       •   Diretor de Teatro – Reynaldo Domingos Ferreira

                       •   Diretor de Teatro Mirim – José Ildefonso Pereira
                     Infelizmente, a Câmara Municipal de Uberaba vetou o projeto em 1956, e o Ex-Presidente do NACJ,
               Reynaldo Domingos Ferreira expressa hoje sua opinião, no depoimento abaixo:



                     A SEDE DA BIBLIOTECA MUNICIPAL QUE NÃO PÔDE SER CONSTRUIDA EM FRENTE À IGREJA DE
               SANTA RITA

                                                “Sem contar com local adequado  para fazer suas apresentações teatrais, o
                                          Núcleo Artístico-Cultural da Juventude – NACJ - presidido por Eleusa Fonseca, iniciou,
                                          no ano de 1956, campanha para construir, na Praça Manoel Terra – em frente à igreja
                                          de Santa Rita – um teatro de alumínio, de 500 lugares, mais ou menos nos moldes do
                                          “Francisco Nunes”, erguido no Parque Municipal de Belo Horizonte.
                                                O projeto do teatro, de autoria do arquiteto Germano Gultzgolf – nome de
                                          projeção  nacional  -  abrangia,  entretanto,  dois  blocos  para  que  em  um  deles  fosse
                                          instalada também a Biblioteca Pública Municipal “Bernardo Guimarães”, cujo acervo
                                          era mantido em condições precárias num cubículo da Prefeitura Municipal.


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