Page 569 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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CATIRA
Há referências nos relatos dos viajantes, no século XIX, especialmente pelo barão de Eschwege, na
região da atual cidade de Uberaba, de uma dança geralmente praticada por índios, conhecida como “curu-
ru”, que animava as noites desoladas do sertão. A música produzida por violões, tamborins e tambores era
acompanhada pela dança, realizada por 9 pessoas que se colocavam em 3 fileiras; seis delas sempre em
movimento, dançando uma com as outras. O resto do povo acompanhava com palmas.
No final do século XIX, ocorria o “cateretê”, onde se defrontam homens e mulheres em danças de duas
fileiras, para apresentação de cantos, sapateados, palmas e troca de lugar com dançadores fronteiros, com
acompanhamento por violas, em geral, duas. Os violeiros também fazem parte da dança e dirigem a coreo-
grafia.
Nessa região, no início do século XX, a dança “catira” tornou-se muito comum e estava vinculada à vida
dos pequenos agricultores e à produção nos pequenos roçados. Havia uma prática conhecida como “trai-
ção”, ou “treição”.
Geralmente, os agricultores e vizinhos, em número aproximado de 70 pessoas, planejavam um mutirão
com a finalidade de ajudar um parceiro em dificuldades, sem o conhecimento deste. Chegavam ao local
previamente definido, quase sempre na madrugada da sexta-feira, para surpresa do dono do roçado. Faziam
de tudo. Plantavam, colhiam, retiravam toco e restos de árvores, consertavam cercas, paióis e cuidavam de
animais. Paravam apenas para o almoço e o café. Com isso, ao final do trabalho, a maior parte das preocupa-
ções do pequeno produtor estava resolvida.
Superintendência do Arquivo Público de Uberaba
Violeiros catireiros.
No final do dia, na madrugada do sábado, findo o trabalho na roça, começava a diversão, sempre es-
trondosa. Os violeiros e os dançadores organizavam a catira. Levantavam uma tolda para o “suaré”, como era
chamada a dança, que durava a noite toda, até o amanhecer do dia seguinte. Da mesma forma, como ocorria
no século XIX, formavam-se duas fileiras, uma em frente a outra, contendo de 4 até 8 pares, e os violeiros
tocando na frente de ambas. Ao ritmo da viola, ocorriam o palmeado e o sapateado.
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