Page 483 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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A Coluna esportiva do jornal Lavoura e Comércio destaca a relevâncias das vitórias auferidas pela equi-
pe alvirrubra, quando a equipe já disputava suas partidas no campo das Mercês, atual “Boulanger Pucci”:
Temos tido aqui, na linda praça de sports do alto das Mercês, diversas partidas
electrizantes e sensacionais. Dessas partidas, 10 foram jogadas pelo ‘Uberaba S.C.’, que
venceu 9, e apenas empatou uma. Esse bello momento não é só uberabense; elle se
estende por todo o Triângulo com o mesmo calor e com a mesma vida. (LAVOURA, 2
de janeiro de 1927, p.11)
PROFISSIONALIZAÇÃO
A partir da década de 1930, ocor-
reram mudanças significativas no fute-
bol brasileiro, era o fim do amadorismo
e o começo do profissionalismo.
Até esse período, os antigos nar-
radores esportivos faziam críticas que,
consternados pela falta do amadoris-
mo, antecipavam o advento do futebol
profissional, quando os clubes alicia-
Fonte: LAVOURA, 11 de julho de 1985 p. 4 vam jogadores de outros times através
de aportes financeiros.
Esse período, que se estende até a década de 1940, foi um divisor de águas, pois os jogadores que ves-
tiam a camisa de um clube por amor e até mesmo contribuíam e se filiavam a ele, foram transformados em
jogadores que deixavam tudo para “ganhar dinheiro”.
Até a década de 1930, os jogadores se identificavam com o seu time. Por isso, associavam-se aos clu-
bes, determinando a paixão pelo amadorismo. Entretanto, uma das principais críticas da crônica esportiva
daquele período destacava que algumas equipes contratavam os seus jogadores por meio de pagamentos,
numa atitude que eles chamavam de “profissionalismo”. Dessa forma, grandes jogadores amadores de equi-
pes do interior, como é o caso do USC, viam suas principais estrelas partirem para outras plagas a fim de
conseguir sustento com a prática esportiva.
Apesar de toda a celeuma, a profissionalização do Uberaba Sport ocorreu em 1933, quando a diretoria
começou a contratar jogadores de outras regiões do Brasil. O USC não perdeu tempo, fez jogos amistosos
em quase todos os estados brasileiros para buscar reforços e montar equipes competitivas.
Assim, ainda na década de 1930, diretores do Uberaba Sport já notavam que havia contatos com os
jogadores do seu time, feitos principalmente pelos cubes das capitais dos principais estados brasileiros. Con-
tudo, o meio de se evitar que isso acontecesse foi efetuar o registro de jogador. O narrador esportivo daquele
período notificou essa realidade e demonstrou como evitar a debandada dos craques revelados pelo clube:
Nada menos que três emissários dos grandes clubes das capitais acham-se em
nossa cidade, tentando aliciar alguns jogadores do Uberaba Sport. O Atlético de Belo
Horizonte, o Corinthians e o Santos, são os clubes interessados nos jogadores locais.
Procuramos ouvir alguns craques locais e todos eles foram unanimes em afirmar que
de fato tinham sido procurados, mas que não se interessavam pelas propostas que
lhes foram feias. Estão satisfeitas no Uberaba Sport e não pensam em abandonar o
clube. No entanto, o clube local deve tomar cuidado como os seus jogadores, sendo a
filiação imediata e o registro de jogadores na Censura Teatral o único meio de garantir,
dentro do clube, os seus craques. Iamond, Geraldino, Jucapato, Moisés e Ataide, são os
jogadores mais cobiçados pelos clubes das capitais. (LAVOURA, 1º de janeiro de 1938,
p. 3)
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