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ILUMINAÇÃO PÚBLICA
João Eurípedes de Araújo
Luiz Henrique Caetano Cellurale
A inauguração do sistema de iluminação elétrica em Uberaba aconteceu pouco depois da inauguração
do sistema elétrico nas principais cidades do Brasil.
Em 1879, na cidade do Rio de Janeiro/RJ foi inaugurado o serviço permanente de iluminação elétrica
interna na Estação Central da Ferrovia Dom Pedro II.
A Campos/RJ, no ano de 1883 foi a pioneiro na América Latina a ter a prestação do serviço de ilumina-
ção elétrica.
Em Juiz de Fora/MG, no ano de 1889 foi instalada a primeira usina hidrelétrica para serviço de utilidade
pública da América Latina.
No ano de 1905, apenas vinte e seis anos após a primeira instalação de iluminação elétrica no Brasil, a
cidade de Uberaba inaugura seu serviço de luz elétrica.
MAMONAS, QUEROSENE E UM DILÚVIO DE PAVIOS
Segundo o historiador Waldemar Barbosa (1979): “...Em Minas, os lampiões eram abastecidos com óleo
de mamona, aqui encontrado em abundância, em estado nativo...”
Uberaba, provavelmente não fugia à regra. Em 15 de dezembro de 1845, a Câmara respondeu ao ofício
do governo da Província: “... os ramos de agricultura, são milho, feijão, arroz, mamona, mandioca, cana, algo-
dão e pequi se consomem neste município...”
José Mendonça, em sua obra História de Uberaba (1974), afirma que “...desde 1885, a iluminação públi-
ca era a querosene...”
A primeira referência sobre iluminação pública na cidade, que o Arquivo Público de Uberaba possui, está
no livro nº 1 de ofícios, da Câmara Municipal de Uberaba e data de 5 de novembro de 1845. É uma resposta
à solicitação de autoridades dos Governo Imperial e da Província, pedindo informações sobre orçamento de
obras necessárias ao município.
Respondeu a Câmara que, dentre as obras, seria necessário construir:
“... hua cadeia nova de 50 palmos de frente e 30 de largura (...) com cano para
limpesa (...) e forro por cima de lampeões (...) orçada na quantia de dois contos e
duzentos mil réis...”
“... A Comissão de contas opina para que não se pague ao carcereiro da cadêa
desta cidade a quantia requerida para a iluminação da mesma cadêa desta cidade
em vista da exorbitância do pedido como passa a demonstrar: é certo que a cadêa
é iluminada a kerozene e não com azeite, por conseguinte não se emprega pavios e
sim tranças ou torcidas de algodão para os lampeões, as quaes custam quando muito
1 mil reis o metro dando cada metro para 10 lampeões durante cada uma 2 a 3 mezes
portando 10 a 12 meros de tranças eram mais que sufficientes para o tempo de 25
mezes que cobra o carcereiro da cadêa. A julgar-se que empregou pavios feitos de
algodão em rama e que despendeu a quantia de 61.666 convertida essa em algodão
a razão de 3 mil réis por 15 kilos, comprar-se-hia 202.500 kilos de algodão que dariam
um dilúvio inesgotável de pavios impossível de se gastar na cadêa de Uberaba durante
25 mezes...”
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