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GEOPARK UBERABA – TERRA DE
GIGANTES
Luiz Carlos Borges Ribeiro
Geopark é um termo atribuído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultu-
ra (Unesco), para uma área bem delimitada geograficamente, suficientemente grande, onde os sítios do pa-
trimônio geológico, histórico, cultural e ecológico, representem parte de um conceito holístico de proteção,
educação e desenvolvimento socioeconômico sustentável. É um projeto de gestão territorial que deve gerar
atividade econômica, notadamente por meio do turismo, contendo significante número de sítios geológicos,
também conhecidos como geossítios, de importância científica, raridade ou beleza, incluindo formas de re-
levo e suas paisagens.
A Rede Global de Geoparks (Global Geoparks Network GGN) da Unesco, criada em 2004, conta atual-
mente com cerca de 150 membros distribuídos em todos os continentes. Nas Américas, até o início de 2020
são 10, localizados 3 no Canadá, 2 no México, 1 no Equador, 1 no Peru, 1 no Uruguai, 1 no Chile e 1 no Brasil,
em Araripe.
O Geopark Araripe, primeiro das Américas, recebeu o selo da Unesco em 2006. Envolve um território
de 3.444 Km², em 6 municípios do estado do Ceará, tendo como sede a cidade do Crato. Destacam-se como
patrimônio geológico sua pluralidade, quantidade e grau de preservação de seus fósseis inseridos em um
contexto geológico que revela grandes transformações ambientais entre 150 a 90 milhões. Nas suas rochas
estão gravadas a história da abertura do oceano Atlântico e a separação da América do Sul e África. Como
patrimônios culturais uma religiosidade fervorosa associada ao “Padim Ciço – Padre Cícero Romão Batista”
em Juazeiro do Norte, assim como uma cultura popular singular expressa no artesanato, música e literatura.
No ano de 2019 dos aproximadamente 10 projetos aspirantes a Geopark no País, os projetos “Seridó”,
no Rio Grande do Norte, envolvendo 6 municípios com área de 2.830 Km², e o “Caminhos dos Cânions do
Sul”, nos estados do Rio Grade do Sul e Santa Catarina, envolvendo 7 municípios e totalizando 2.800 Km²,
deram entrada com suas Cartas de Intenções para as candidaturas à GGN Unesco. Dentre os demais projetos
que buscam o selo da Unesco, o Geopark Uberaba – Terra de Gigantes tem empreendido inúmeras ações
para sua implantação, posicionando-se como forte candidato à rede Unesco, nestes próximos 2 anos.
A primeira referência científica mencionando o termo Geopark Uberaba, ocorreu em 2011, durante o “I
Simpósio de Geoparques y Geoturismo en Chile”, na cidade de Melipeuco - região de Araucania, no Chile. No
ano de 2012 como capítulo do livro “Geoparques do Brasil/Propostas”, publicado pelo Serviço Geológico do
Brasil, foi selecionado como uma das 17 melhores propostas em todo o País. Em 2014 a tese de doutorado
“Geoparque Uberaba/Terra dos Dinossauros do Brasil”, defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
constitui a obra de maior valor até o momento, dando sustentação científica para sua implantação como
projeto de ciência aplicada, o que de fato ocorreu em 2016, quando foi escolhido como macro-projeto de tu-
rismo da cidade, pelo Conselho Municipal de Turismo de Uberaba Comtur. A consolidação do embasamento
científico e, porque não dizer, de sua viabilidade em nível internacional, veio em 2015 com a publicação do
artigo “Geopark Uberaba: Relevance of the Geological Heritage”, na mais importante revista científica sobre
Patrimônio Geológico do mundo. Posteriormente, o nome “Uberaba Terra dos Dinossauros” foi modificado
para “Uberaba Terra de Gigantes”, dando, dessa forma, maior amplitude e relevância aos outros grandes valo-
res que o município possui, reafirmando sua identidade local em consonância ao que pressupõe a Unesco.
Para selar o início da implantação do projeto, foi assinado durante a 83ª Expozebu, em 2017, o Protoco-
lo de Intenções entre a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a Universidade Federal do Triân-
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