Page 678 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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No final do século XIX, um grupo de produtores rurais, inconformados com o aumento de impostos co-
brado pelo presidente da província de Minas Gerais, lançou um manifesto e criou uma associação destinada a
discutir os rumos da lavoura na cidade, independente das pretensões políticas da província. Os componentes
desse grupo criaram o Club Lavoura e Comércio, que, se transformou no jornal Lavoura e Comércio, no dia
6 de julho de 1899. Antonio Garcia Adjunto foi o primeiro diretor. Em 1906 o jornal passou a ser administrado
pela família Jardim.
O proprietário e diretor do jornal, Francisco Jardim, mudou-
-se para o Rio de Janeiro, capital federal naquela época, para assu-
mir o cargo no Ministério da Agricultura. Com isso, o jornal passou
para a direção de Quintiliano Jardim no ano de 1911 e permaneceu
assim até a data de seu falecimento, em 1966.
Durante esse período, os jornalistas sempre foram vítimas
dos abusos de políticos e poderosos. E algumas vezes o palco para
as agressões eram as próprias redações e escritórios dos jornais. O
jornal Lavoura e Comércio testemunhou estas perseguições. En-
tre elas, uma campanha realizada em dezembro de 1912 fez com
que o então delegado de polícia, Sertório Leão, acusado pelo jornal
de não combater a jogatina na cidade, tentasse matar o jornalista
Quintiliano Jardim. “Acompanhado pelo seu colega de profissão,
João Camelo, Quintiliano foi atacado pelas costas pelo delegado
que só não atirou devido ao fato de o revólver ter travado. O jorna-
lista João Camelo, que era também auditor de guerra do batalhão
de policia da cidade, imediatamente deu voz de prisão ao delegai-
do” (Jornal da Manhã, 8 de novembro de 2016).
Em 20 de maio de 1922, o médico e agente executivo de
Uberaba João Henrique Sampaio Vieira da Silva, adentrou nas de-
Lavoura e Comércio, 1900
pendências do Jornal Lavoura e Comércio e lá pediu para falar com
o colunista Moises Santana. A conversa aconteceu na sala do então
diretor de redação, Quintiliano Jardim. Em dado momento do diá-
logo, João Henrique perguntou ao colunista se ele era responsável
por algumas notas de coluna que faziam menção a ele. Ao confir-
mar, João Henrique sacou do revólver que portava na cintura, fato
comum na época, disparou vários tiros contra o colunista, que foi
socorrido e morreu no dia seguinte. Mas o assassino foi absolvido
pelo Tribunal do Júri.
Depois de Quintiliano Jardim, o jornal passou a direção para
seus filhos George de Chirée, Raul e Murilo Jardim.
Em 2003 esse centenário jornal encerrou definitivamente as
suas atividades. Em 27 de outubro de 2003, a última notícia: “Após
104 de veiculação ininterrupta, o Lavoura & Comércio paralisa suas
atividades por questões econômicas e financeiras”.
Ainda nesse período surgiram os seguintes jornais: Correio
Católico, Mensageiro de Uberaba, Mensageiro de Santo Rosário e
Arrebol. Depois vieram o Século XX, O Tempo, O Ferrão e Paladino.
Nessa época surgiram a Revista de Uberaba e o Almanaque Ubera-
bense, sendo que este último circulou mais de uma década.
Gazeta de Uberaba. 1879
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