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Obras 1996
FUMANCHU - UMA FIGURA FOLCLÓRICA
Na década de 1990 morou nos fundos da Biblioteca um senhor, conhecido como Fumanchu, e nos
depoimentos a seguir, as ex-funcionárias da instituição expressam o universo de vida desta figura folclórica,
estimada pelos funcionários.
“Fumanchu foi uma figura folclórica para a Biblioteca Pública Municipal. Não
podemos precisar exatamente quando foi morar lá. Na gestão do prefeito Dr. Wagner
do Nascimento, iniciou- se a construção de um prédio que abrigaria o CESU, na esquina
da Biblioteca Pública. A obra foi suspensa e o Fumanchu veio a se instalar neste prédio
inacabado. Mais tarde, na gestão do Prefeito Luiz Guaritá Neto, a Coordenadora da
Biblioteca, Profª. Laís Bilharinho Dorça, solicitou a continuação da obra, com algumas
alterações, visando a ampliação do espaço físico da Biblioteca. O pedido foi atendido,
e a obra foi reiniciada. Ao Fumanchu, foi oferecida uma casa popular, que foi recusada,
pois, segundo ele “não moro em periferia”. O Prefeito Luiz Guaritá Neto achou
tudo muito engraçado e para não se indispor com a figura folclórica e a pedido da
Coordenadora Laís, foi construída uma casinha para ele, nos fundos do terreno.
Ele era um jardineiro nato e tudo que cultivava, dava flores e frutos. Cuidava do
quintal como se fosse seu, com amor e dedicação. Havia lago com peixes, cuja água
vinha de uma mina, vielas, arcos de trepadeira, ruelas calçadas de pedras e cercas
coloridas. Era tudo muito limpo e lindo.
Criava galinhas, mas só as vendia se a pessoa prometesse não matar. As árvores
frutíferas estavam sempre produzindo frutos, como por exemplo: goiaba, jabuticaba,
manga, abacate, cajá-manga, laranja da terra, limão, tamarindo. Havia também uma
horta, onde ele cultivava taioba, inhame e chuchu.
Não soubemos se ele tinha familiares. Adorava o “13 de Maio”, quando vestia a
caráter e comemorava o dia todo. Talvez pertencesse ao Congo do Fabrício.
Sempre foi muito sério e nos tratava com muito respeito. Era querido por todos.
A funcionária Marivone, sobretudo, sempre teve muito carinho por ele. Trazia cigarros,
roupas e iguarias, e ele ficava muito satisfeito. Entre os vizinhos, havia também a Dª.
Mirotte que lhe fornecia os almoços de Domingo.
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