Page 591 - Uberaba-200 anos no coracao do Brasil
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Nem todos gostaram das festividades. No dia 03 de janeiro
de 1915 o Dr. Lobo, presidente do bloco carnavalesco Fenianos,
Superintendência do Arquivo Público de Uberaba concedeu entrevista para o jornal Lavoura e Comércio criticando
o evento:
Como previamos, os tres dias consagrados á festa da loucu-
ra, na comemoração do Momo, o eterno folião, passaram quase
que desapercebidas nessa pacola princeza do sertaneja.
Não fosse as poucas batalhas do confetti e de bisnagas que
numa ou outra rua se feriram e alguns mascarados do esperito for-
çado e mal fantasiados que pozeram o pé nas principais vias da
cidade, e ninguem perceberia o passar daquelles dias destinados
da folganças desenfreiadas, as alegrias intensas, a folia atroadura e
electrizante.
Agora que o carnaval se foi e estamos no domingo da baca-
lhoada com batatas, aqui, ali e acolá levantam-se vozes, cream-se
tentativas de fundação de um club para o festejamento de Momo
ao anno vindouro.
Jornal Lavoura e Comércio, 25 de
fevereiro de 1909 Não passaram taes commetimentos de fogo de palha, que se
apagará tão logo comecem dobhar os sinos para as solennidades
da semana santa. (Jornal Lavoura e Comércio de 03 de janeiro de 1915).
Durante a década de 1920 e início de 1930 os carnavais de rua continuaram com os foliões percorren-
do alguns logradouros da cidade, com aparição dos blocos Fantoches e Cuspo Grosso.
O carnaval de 1932 iniciou às 19 horas, com grande número de foliões se divertindo em torno do jardim
público da praça rui Barbosa, passando pela rua do Comércio (atual Arthur Machado), seguindo até o Hotel
do Comércio. Os destaques foram os blocos Pé Quente e Pé Frio. Mas a grande novidade foi o fato de 40
automóveis participarem do desfile.
No Carnaval de 03 de fevereiro de 1932 surgiram os blocos Lei Seca, O Teu Cabelo Não Nega, Arrepia-
dos e Bambas, este último posteriormente se tornou uma das escolas de samba mais tradicionais de Uberaba.
Nesse mesmo ano, na praça Rui Barbosa foi construído um coreto especial, onde ficavam estacionados
os carros para a banda de música do 4º Batalhão de Infantaria de Uberaba se apresentar durante o carnaval.
Essa mudança propiciou mais espaço para os carnavalescos fazerem as “lutas de lança perfume e confetes”
no jardim público.
Na década de 1930 os destaques do carnaval ficaram por conta dos blocos Bambas do Fabrício e a
divertida Maria Giriaza.
ESCOLAS DE SAMBA
A primeira associação carnavalesca que apareceu no Rio de Janeiro, em 1928, se denominava Deixa
Falar, que atualmente é a Estácio de Sá.
A gênese do nome “escola” é devido ao fato de os fundadores da Deixa Falar na época estarem num bar
frente a uma escola. Daí em diante muitas passaram a acrescentar em seus nomes “Grêmio Recreativo Escola
de Samba”, tendo também a missão de difundir a cultura na comunidade onde estavam inseridas.
Nas décadas de 1930 e 1940 foram criados vários blocos carnavalescos na cidade de Uberaba.
O Gazeta de Uberaba de 07 de março de 1935 destacou a brilhante participação dos blocos carnava-
lescos Bambas do Fabrício e Triunfo, nas ruas de Uberaba.
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